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Baterias: solução rápida e flexível para reforçar a rede elétrica na transição energética.
Colunista
Publicado em 31 de julho de 2025 às 14h00.
Última atualização em 31 de julho de 2025 às 14h41.
A transição energética vai além da geração limpa. Sem uma rede capaz de transportar eletricidade com segurança, rapidez e flexibilidade, não é possível garantir que essa energia chegue aos consumidores.
Em um mundo onde a energia solar e eólica crescem em ritmo acelerado, a transmissão tornou-se um gargalo silencioso da descarbonização – não por sua falta de importância, mas porque sua expansão não tem acompanhado o ritmo acelerado da inserção de fontes renováveis no sistema. É a transmissão que viabiliza o aproveitamento do potencial dessas fontes, garantindo o atendimento da carga nos momentos de maior demanda e assegurando o equilíbrio do sistema elétrico mesmo diante de variações significativas na produção solar e eólica.
Neste contexto, uma tecnologia ganha protagonismo: os sistemas de armazenamento com baterias, tradicionalmente associados à geração ou consumo, agora despontam como ativos estratégicos da própria rede de transmissão. Em vez de reforçar fisicamente o sistema com novas linhas e subestações, baterias podem ser instaladas em pontos críticos da rede para aliviar congestionamentos, reforçar o atendimento em horários de pico, fornecer suporte à estabilidade da rede e até reduzir o risco de energia não suprida devido a falhas e contingências dos sistemas.
Diversos países, como Austrália, Reino Unido, Estados Unidos e Chile, já incorporaram baterias ao planejamento da transmissão, reconhecendo seu valor como solução flexível, rápida e inteligente. Avaliar esse tipo de aplicação requer uma abordagem integrada: é necessário entender onde e como as baterias podem ser mais efetivas, simular sua operação frente a diferentes condições de consumo e geração, e verificar se os ganhos operacionais justificam o investimento necessário.
É importante que essa análise esteja acompanhada de uma compreensão clara do ambiente regulatório, incluindo como o ativo será enquadrado nas regras do setor elétrico, as formas de remuneração possíveis e a previsibilidade de receita ao longo do tempo.
Projeto Blackhillock, na Escócia. Foto: Reprodução/Zenobe
Um caso de destaque é o projeto Blackhillock, na Escócia — a primeira bateria conectada à transmissão a fornecer serviços de estabilidade, como inércia e suporte a curto-circuito. Com 200 MW / 400 MWh em sua primeira fase, o sistema atua diretamente na rede elétrica nacional, mitigando restrições na rede e evitando o desperdício de energia eólica dos parques Viking, Moray East e Beatrice. O projeto ilustra como as baterias podem desempenhar funções tradicionalmente atribuídas a usinas síncronas, oferecendo uma alternativa inovadora e eficaz para o reforço da infraestrutura elétrica.