ESG

Bancos centrais se reúnem para debater os “cisnes verdes”

BIS, FMI, Banco da França e a Network for Greening the Financial System promovem evento de quatro dias sobre ações práticas para enfrentar as mudanças climáticas

Geleira nos Andes derretendo: o aumento do nivel dos mares estão entre os riscos climáticos que podem provocar desestabilização no sistema financeiro (David Silverman/Getty Images)

Geleira nos Andes derretendo: o aumento do nivel dos mares estão entre os riscos climáticos que podem provocar desestabilização no sistema financeiro (David Silverman/Getty Images)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 2 de junho de 2021 às 06h00.

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Começa amanhã a Green Swan Conference, evento promovido pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS), juntamente com o FMI, o Banco da França e a Network for Greening the Financial System, rede formada por entidades financeiras que se comprometeram a combater as mudanças climáticas. O objetivo do encontro será debater maneiras práticas de evitar que eventos climáticos catastróficos desestabilizem o sistema financeiro global.

O nome da conferência se refere a um conceito cocriado pelo brasileiro Luiz Awazu Pereira da Silva, vice-gerente-geral do BIS. Awazu define como “cisnes verdes” eventos climáticos não previstos que podem funcionar como gatilhos de uma nova crise financeira global. O termo é uma analogia aos cisnes negros, termo criado por Nassim Taleb, ensaísta libanês radicado nos Estados Unidos, para se referir a eventos improváveis com grande impacto.

“Abordagens tradicionais de gerenciamento de riscos, baseadas na extrapolação de dados históricos e em suposições de normalidade, são amplamente irrelevantes para aferir os riscos futuros relacionados ao clima”, afirma o estudo original publicado pelo BIS em 2019, meses antes de estourar a pandemia do coronavírus, o primeiro “cisne verde” da história, como definiu Awazu em artigo posterior.

A ideia de que é preciso se preocupar com riscos sistêmicos para a economia gerados por eventos climáticos tem ganhado adeptos há alguns anos. Um dos líderes mais vocais nesse tema é o ex-presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney, que, durante o seu tempo no cargo, conclamou outros bancos centrais a dar atenção ao problema.

“Uma vez que as mudanças climáticas se tornem um risco real e imediato para o equilíbrio financeiro, pode ser tarde demais para estabilizar o aquecimento da atmosfera em 2 graus”, afirmou o Carney, em discurso proferido em março de 2019.

Em 2017, oito bancos centrais — de Inglaterra, França, Holanda, Alemanha, Finlândia, Singapura, México e China — criaram a Network of Central Banks and Supervisors for Greening the Financial System, uma rede de reguladores cujo objetivo é a troca de informações e práticas que favoreçam a mobilização de capital para setores de baixo carbono. Hoje, mais de 50 instituições fazem parte da iniciativa, inclusive o Banco Central brasileiro.

As medidas práticas começam a despontar. Desde o ano passado, o Banco da Inglaterra conduz testes de estresse climático com bancos e seguradoras do país. Estão sendo considerados três cenários. O mais severo prevê uma elevação de 4 graus na temperatura global até 2080. Os resultados serão divulgados em 2021.

Na conferência, estão previstos painéis com Carney, o ex-vice-presidente americano Al Gore, o economista Joseph Stiglitz  e com a presidente do Banco Central Europeu Christine Lagarde. O Brasil estará representado por Roberto Campos Neto, presidente do BC, e pelo ex-presidente da instituição Armínio Fraga.

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