ESG

B3 renova índice de sustentabilidade para dar mais transparência ao ESG

A bolsa anunciou mudanças no ISE, seu principal índice ligado à sustentabilidade no país; mudanças refletem novo momento do ESG

B3: mudanças no principal índice de sustentabilidade refletem novas demandas do ESG (Germano Lüders/Exame)

B3: mudanças no principal índice de sustentabilidade refletem novas demandas do ESG (Germano Lüders/Exame)

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A B3 anunciou nesta terça-feira, 20, que concluiu a primeira grande reformulação da principal referência para atuação sustentável das empresas, o seu Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), uma carteira das empresas com as melhores práticas ESG (sigla em inglês para social, governança e cuidados com o meio ambiente).

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Algumas das principais mudanças no índice, segundo a B3, são:

  • setorização dos questionários
  • inclusão dos padrões CDP para análise ambiental
  • participação obrigatória no RepRisk
  • exibição das notas históricas de todas as companhias que participaram do processo
  • inscrições gratuitas para empresas

O grande ponto de partida da mudança de metodologia será a transparência e a visibilidade de dados. Nessa frente, as respostas de  todas as empresas que se aplicarem ao índice por meio dos questionários estarão disponíveis para consulta pública, o que antes só acontecia no caso das companhias que integravam a carteira do ISE.

No novo ISE, o E do ESG também passa a ser um pouco mais “gringo”. As questões ligadas à atuação climática das companhias, carro-chefe da versão atual do índice, serão substituídas pelas perguntas aplicadas pelo Carbon Disclosure Project (CDP), entidade sem fins lucrativos que opera um sistema global de divulgação da pegada de carbono das companhias.

O ISE é formado por 46 ações, de 39 empresas de 15 setores. Juntas, as companhias somam 1,8 trilhão de reais em valor de mercado. É o equivalente a 38% do total do valor de mercado das companhias com ações negociadas na B3.

O objetivo com as novas mudanças é tornar o ISE mais atrativo para investidores e empresas após 16 anos de uma metodologia que acabou ficando defasada, segundo Luis Kondic, diretor de produtos listados da B3. Para isso, a bolsa também mudou as métricas gerais de avaliação das empresas, adotando padrões ESG internacionais, como os usados pelo próprio CDP e pelo Global Reporting Initiative (GRI).

Os questionários também estão mais enxutos, em uma redução de até 40%. Isso vai acontecer ao tornar as questões mais direcionadas a cada tipo de segmento, com questionários setorizados, o que vai facilitar a triagem de investidores que desejarem analisar o desempenho ESG de setores específicos do mercado.

A bolsa brasileira também firmou uma parceria com a RepRisk, que gera um indicador de risco reputacional para as companhias. Sendo assim, responder aos dois novos parceiros tornou-se um quesito obrigatório para participar do ISE. Para ser elegível à carteira, explica a B3, a empresa precisa ter nota C ou acima no questionário do CDP e índice RepRisk menor ou igual a 50 pontos nos últimos dois anos.

Mudanças na inscrição

Até o momento, empresas poderiam participar do índice de duas maneiras: inscrição ou através de um simulado, ambos com um custo de 35.000 reais. A partir de agora, o processo de participação passa a ser gratuito.

O objetivo é estimular empresas a se inscreverem, mesmo que o valor possa parecer irrisório para as 20 companhias com as ações mais negociadas do país. “Esse é um incentivo a mais para que empresas queiram e façam parte desse índice, reconhecendo o valor do ESG”, diz Ana Buchaim, diretora-executiva de pessoas, marketing, comunicação e sustentabilidade da B3.

O filtro inicial, porém, continua. Só podem fazer parte do ISE as 200 empresas mais líquidas da bolsa, aquelas com as ações com maior volume de negociações. Uma mudança anunciada pela bolsa é o fim do limite de 40 empresas na carteira. Agora, todas as companhias elegíveis e que cumprirem os requisitos podem integrar o ISE.

As empresas também continuam tendo que comprovar ações ESG com o anexo de algumas evidências, documentos que comprovem a resposta de cada formulário, de maneira individual.

O que muda para o investidor

Diferente do que era feito antes, tanto empresas quanto investidores poderão ter acesso também ao histórico de respostas em edições anteriores. A vantagem para as companhias é poder avaliar o avanço (ou não) das concorrentes do setor.

Já do lado dos investidores, a promessa é trazer mais informações e facilitar a escolha na hora de selecionar empresas para investimento que seguem critérios socioambientais.

Junto da nova leva de critérios de avaliação, a B3 também reformulou a maneira como as informações das empresas participantes serão divulgadas. Agora, além da pontuação dentro da carteira, as empresas ganham uma avaliação individual e posição dentro de rankings que avaliam setor e também desempenho em seis dimensões:

  • capital humano
  • governança
  • meio ambiente
  • capital social
  • mudança do clima
  • modelo de negócios e inovação

Na prática, um investidor poderá filtrar sua busca por uma empresa específica e se deparar com um volume de informações muito mais precisas. “Nosso papel é trazer mais informação, transparência e consistência. Assim cumprimos nosso papel no avanço da agenda ESG”, diz Ana.

Mercado de carbono

A exemplo do que tem sido feito em outros países do mundo, a B3 também mira o mercado de créditos de carbono. Segundo Kondic, a B3 conversa com outros players para entender como é possível avançar para além dos CBios, créditos de descarbonização. “Havendo mais liquidez, transparência de preço e mais velocidade no mercado secundário, pensamos em ver também a listagem de preços relacionadas ao Cbios”, diz.

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