ESG

Ativistas climáticos denunciam afastamento na COP27

Para se manifestar, o ativista precisa solicitar um credenciamento com 36 horas de antecedência, especificando os nomes dos organizadores, seus dados de acesso e os detalhes do desenvolvimento da manifestação

Ativista ambiental de Uganda, Nyombi Morris, em Sharm el Sheikh, Egito, no primeiro dia da COP27 (AFP/AFP Photo)

Ativista ambiental de Uganda, Nyombi Morris, em Sharm el Sheikh, Egito, no primeiro dia da COP27 (AFP/AFP Photo)

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AFP

Publicado em 7 de novembro de 2022 às 10h51.

Última atualização em 7 de novembro de 2022 às 11h06.

O ambientalista Nyombi Morris chegou no Egito procedente de Uganda com a ilusão de poder falar com os líderes reunidos na COP27, se manifestar e expressar a voz dos africanos afetados pelas mudanças climáticas. No entanto, desde que chegou no aeroporto seus planos foram frustrados pelas medidas de segurança que dificultam sua participação.

Morris tinha apenas 10 anos quando as enchentes, agravadas, segundo ele, pela mineração ilegal de areia nas margens de um rio próximo, destruíram a casa e a fazenda de sua família em Butaleja, leste de Uganda. "Estou aqui para dar voz à minha mãe, que perdeu sua fazenda e sua casa em 2008", conta o jovem de 24 anos.

Quando soube que a COP27, a cúpula anual do clima, aconteceria em Sharm el Sheikh, no Egito, Morris, fundador da ONG Earth Volunteers, decidiu viajar para fazer sua voz e a de seus familiares serem ouvidas.

"Estou aqui para pedir uma compensação em favor da minha comunidade", diz ele. No entanto, encontrou inúmeros obstáculos desde o primeiro dia.

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Para se manifestar, o ativista precisa solicitar um credenciamento com 36 horas de antecedência, especificando os nomes dos organizadores, seus dados de acesso e os detalhes do desenvolvimento da manifestação. Se obtida a autorização, as manifestações são permitidas apenas "entre as 10h00 e as 17h00", segundo os organizadores, e em uma área específica e isolada.

Morris foi interrogado assim que desembarcou em Sharm el Sheikh, uma cidade turística às margens do Mar Vermelho.

"Levando em consideração o interrogatório que tive no aeroporto, não será fácil fazer o que tínhamos planejado", conta o ativista, que pretendia entrar nas salas onde ocorrem as negociações.

De acordo com as ONGs, já houve pelo menos "138 detenções arbitrárias" após convocações para protestos em outras partes do Egito para 11 de novembro contra a repressão e o alto custo de vida.

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"A COP acontece na África, mas eles não nos deram nenhuma chance de nos expressarmos. O que estamos fazendo aqui então?", pergunta Morris.

"Mais do que a COP africana, esta é a COP dos poluentes, olha a Coca-Cola", afirma o ugandense, referindo-se a este patrocinador oficial do evento climático, que segundo o Greenpeace é "o primeiro responsável pela poluição plástica no mundo".

Enquanto isso, os ativistas permanecem "de fora" e "não podem participar das negociações", nem "reivindicar os US$ 100 bilhões por ano prometidos em 2009 e nunca entregues" pelos países desenvolvidos aos países do sul, para que reduzam suas emissões e se adaptem aos efeitos do aquecimento, acrescenta o ativista ugandense.

No domingo, desafiando as restrições, um punhado de ativistas de um grupo vegano se manifestou na entrada do palácio dos congressos.

Morris estava na porta. "Nossas credenciais de 'observador' não nos permitem acesso. Então estou acompanhando o que está acontecendo com as transmissões na internet", afirmou o ativista.

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