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Ascensão de pessoas com deficiência na carreira ainda é desafio, diz estudo

43% da população com deficiência empregada atua em posições de entrada; desigualdades crescem conforme o grau de formação e especialização

Pesquisa aponta consumo de moda de mulheres com deficiência (Klaus Vedfelt/Getty Images)

Pesquisa aponta consumo de moda de mulheres com deficiência (Klaus Vedfelt/Getty Images)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 19 de dezembro de 2024 às 17h51.

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Desde 1991, a Lei de Cotas estabelece percentuais obrigatórios de contratação de pessoas com deficiência para empresas com 100 ou mais funcionários. O objetivo é garantir que as companhias representem essa parcela da sociedade que por muitas vezes é excluída das oportunidades profissionais, mesmo representando 8,9% dos brasileiros.

Apesar da existência da lei, uma pesquisa revela que a realidade das populações no mercado de trabalho ainda é muito excludente. Embora as empresas analisadas contem com 4,6% de força de trabalho com deficiência, esses trabalhadores recebem, em média, 10% menos promoções que seus colegas sem deficiência nas mesmas funções.

Quanto maior o grau de formação, maiores as dificuldades: PcD que cursaram o ensino superior completo receberam 9% a menos de promoções; já para as pessoas com deficiência com grau de pós-graduação, as promoções foram 14% menores.

As posições de entrada são a principal ocupação para 43% da população com deficiência, que atuam em cargos como auxiliares administrativos e assistentes, posições administrativas e operacionais. Para pessoas sem deficiência, essa é a realidade para apenas 22%.

Outra desigualdade é que um terço das PCD ocupando os cargos administrativos possui ao menos a formação de bacharelado, enquanto somente 23% dos profissionais sem deficiência estão nas mesmas posições.

Lideranças diversas

A pesquisa revela que as pessoas com deficiência também são minoria nas posições de chefia, representando apenas 1,5% das posições de alta liderança e 2,2% dos cargos de média liderança.

Para Marcus Kerekes, especialista em inclusão corporativa e fundador da Diversitera, as informações revelam um problema sistêmico que vai muito além das contratações exigidas pela lei, mas pela permanência e desenvolvimento desses profissionais.

“O fato de profissionais com deficiência qualificados, com ensino superior e especializações, permanecerem na base da pirâmide hierárquica das empresas é um reflexo de que há algo errado nos processos de avaliação e na valorização desses talentos”, disse.

Para Kerekes, existe um problema ainda mais sutil: a preferência por pessoas com deficiências menos aparentes, o que ele caracteriza como "uma forma silenciosa de perpetuar um ciclo de exclusão". Esta prática, segundo o especialista, contribui para manter as PcD distantes dos níveis hierárquicos mais elevados nas organizações.

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