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Às vésperas da COP30, EUA travam discussão a respeito de imposto sobre gases emitidos por navios

O setor marítimo é responsável por mais de quatro quintos do comércio mundial e por mais de 1% das emissões globais de gases de efeito estufa

A União Europeia, que já inclui o transporte marítimo em seu mercado de carbono, não conseguiu reunir apoio suficiente para aprovar a proposta (Petrobras/Divulgação)

A União Europeia, que já inclui o transporte marítimo em seu mercado de carbono, não conseguiu reunir apoio suficiente para aprovar a proposta (Petrobras/Divulgação)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter

Publicado em 18 de outubro de 2025 às 16h54.

A Organização Marítima Internacional decidiu adiar por um ano votação sobre a adoção de uma taxa global sobre as emissões de gases de efeito estufa de navios, medida considerada histórica por especialistas do setor.

A decisão, tomada nesta sexta-feira em reunião realizada na sede da entidade, em Londres, representa um revés para os esforços multilaterais de regulamentação ambiental às vésperas da COP30, marcada para o próximo mês no Brasil.

A proposta previa que embarcações passassem a pagar pelas mais de 1 bilhão de toneladas de gases de efeito estufa que emitem anualmente. A expectativa era de que a medida arrecadasse mais de US$ 10 bilhões por ano e impulsionasse a transição do setor marítimo para combustíveis mais limpos, como a amônia, em substituição ao petróleo, segundo informações da Bloomberg.

Apesar do apoio internacional demonstrado em abril, o plano perdeu força nesta semana após os Estados Unidos intensificarem a pressão contra a proposta. O presidente Donald Trump declarou estar “indignado” com a votação e ameaçou sanções abrangentes contra países que apoiassem a medida. O governo americano classificou a taxa como um “imposto global de carbono” para os cidadãos dos EUA e alertou para impactos econômicos desastrosos, incluindo aumento de até 10% nos custos de transporte marítimo.

O Departamento de Estado chegou a sugerir possíveis retaliações, como taxas portuárias, restrições de vistos, penalidades comerciais e sanções a autoridades. Tarifas também foram mencionadas como uma alternativa, embora não esteja claro se ainda estão em consideração.

Ceticismo entre países

A hesitação entre os países ficou evidente ao longo da semana. Segundo a Bloomberg, Atenas, que já demonstrava ceticismo quanto ao impacto da taxa em sua indústria marítima, cogitava se abster da votação. Na sexta-feira, Singapura, antes favorável à proposta, sugeriu o adiamento da decisão, proposta que recebeu apoio da Arábia Saudita, tradicionalmente contrária à medida.

Com o avanço das tensões, países como China, Grécia, Índia e Panamá, que haviam apoiado o plano em abril, votaram pelo adiamento ou se abstiveram. A votação pelo adiamento, no entanto, não necessariamente reflete como seria uma decisão sobre a adoção da taxa, já que mais países puderam votar sobre o adiamento do que poderiam sobre o imposto em si.

A União Europeia, que já inclui o transporte marítimo em seu mercado de carbono, não conseguiu reunir apoio suficiente para aprovar a proposta.

A Câmara Internacional de Navegação, que representa mais de 80% da frota mundial, manifestou decepção com o resultado, alertando que a incerteza sobre o futuro da medida pode comprometer investimentos essenciais para a descarbonização do setor.

O setor marítimo é responsável por mais de quatro quintos do comércio mundial e por mais de 1% das emissões globais de gases de efeito estufa.

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