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Mudanças climáticas: Segundo Unicef, jovens se dividem entre ansiosos e otimistas sobre as consequências do clima (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de ESG
Publicado em 18 de setembro de 2023 às 15h56.
Última atualização em 20 de setembro de 2023 às 12h09.
A pesquisa Ecoansiedade entre Jovens: Resiliência e Demanda por Ação Climática, realizada pela regional norte-americana do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), afirma que 57% dos jovens ouvidos experimentam ansiedade ecológica. A ecoansiedade, ou estresse gerado pelos impactos das mudanças climáticas, tem sido muito pesquisado. Mas, apesar da ecoansiedade sentida pela faixa etária, a juventude tem demonstrado maior resiliência para lidar com o clima, com foco em soluções mais realistas e maior participação nas tomadas de decisões.
No Brasil, 57% dos entrevistados se mostram ansiosos sobre as mudanças do clima, sendo que os países com maior ansiedade climática são: Filipinas (79%), Turquia (73%) e África do Sul (64%). Os maiores problemas que a juventude tem enfrentado estão relacionados ao calor ou frio excessivos (de acordo com 83% dos entrevistados), mudanças nas temporadas secas ou chuvosas (81%) e poluição do ar (77%).
Pensando nisso, o estudo do Unicef tem como objetivo compreender como os jovens têm enxergado as mudanças climáticas, o papel dos líderes e as possíveis consequências emocionais do contexto. A pesquisa ouviu mais de 3 mil jovens entre 16 a 24 anos em 15 países.
Já segundo um relatório realizado pela organização The Lancet, 59% das crianças e jovens de 16 a 25 anos estão muito ou extremamente preocupados com as mudanças climáticas. Porém, mesmo com os desafios climáticos do contexto, o relatório do Unicef se propõe a apresentar um contraponto: apesar da ecoansiedade ser, comumente, sentida entre os mais jovens (57%), alguns deles ainda demonstram otimismo.
A maioria dos jovens se enxergam como otimistas (66%), mas apenas 16% afirmam envolvimento em ações diretas pensando no combate às mudanças climáticas. Por esse motivo, o estudo reforça a necessidade de serem criadas maiores oportunidades de participação ativa da faixa etária.
Segundo a pesquisa, os jovens têm formas para lidar com as mudanças climáticas, dentre elas, 33% dizem que buscam reconhecer as realidades vividas, 30% afirmam ensinar a si mesmos e outros como gerar impactos positivos, já 27% dos entrevistados dizem que a chave é a participação ativa em iniciativas de combate às mudanças climáticas.
Enquanto a minoria afirma que compartilham as suas frustrações com outros, participando de protestos e se permitem sentir tristeza e desespero (15 e 13%). Quando o assunto são frustrações, 34% dos entrevistados sentem que não há soluções suficientes para as comunidades locais, enquanto 23% descrevem as soluções como “irrealistas e fora de alcance” e 21% dizem que as saídas contam com díficil acesso.
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Os jovens esperam – e têm demandado – mais ações governamentais e informações realistas. 33% espera soluções dos governos federais, enquanto 30% espera algo da ONU (Organização das Nações Unidas) ou das organizações internacionais e 29% dizem que este papel deveria ser dos governos locais – além de terem expectativas por empregos mais sustentáveis e soluções práticas. O relatório compartilha que a forma com que esses jovens têm consumido informações também mudou: há preferência para a mídia local e social no lugar de mídias mais tradicionais.
Por conta do grande índice de ansiedade climática nas Filipinas, o estudo traz uma sessão específica sobre o país asiático. Mesmo com muita exposição a calor ou frio excessivos, enchentes e tempestades, os jovens das Filipinas são bastante engajados – sendo que a maioria (56%) está ativamente discutindo mudanças climáticas e mais da metade (61%) dizem que lidar com o clima mudou sua saúde mental e fazendo parte da rotina.
O estudo também ressalta que, com o aumento da consciência, houve uma crescente em ações jovens como na África do Sul, Filipinas e Tanzânia. Na África do Sul e nas Filipinas, por exemplo, os jovens estão usando uma ferramenta chamada Yoma no desenvolvimento de habilidades digitais para apoiar a economia verde e o impacto positivo. Já na Tanzânia o Unicef está fazendo parcerias para desenvolver soluções para que pessoas jovens, principalmente meninas, tenham acesso a inovações digitais voltadas para qualidade de vida e a saúde públicas nas comunidades.
Outro exemplo é o projeto onde jovens têm usado pesquisas como forma de identificar os impactos da poluição do ar. Com isso, o Unicef lançou a Rede Juventude pelo Clima e Ar Limpo ou Youth for Climate and Clean Air Network (Youccan) com o objetivo de limitar a exposição a poluentes e melhorar a qualidade de ar na Mongólia para mitigar as mudanças climáticas.
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