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Apagão na Península Ibérica: o que é fato, especulação e quais são os reais desafios?

Saiba detalhes do maior blecaute da história da região

Apagão Europa: energia solar contribuiu com mais de 50% da geração no momento da falha.

Apagão Europa: energia solar contribuiu com mais de 50% da geração no momento da falha.

Publicado em 5 de maio de 2025 às 14h00.

Na última semana, um apagão de grandes proporções interrompeu o fornecimento de energia em quase todo o território continental de Espanha e Portugal. O maior blecaute da história recente da região fechou comércios e indústrias, interrompeu trens e metrôs, provocou limitação de atendimentos em hospitais e deixou indisponíveis os dados móveis. O colapso, resolvido apenas na madrugada do dia seguinte ao episódio, reacendeu o debate sobre a segurança elétrica na região.

Como se deu o apagão?

A operação de sistemas elétricos requer o balanceamento contínuo entre produção e consumo, mantendo a frequência da rede estável em determinado nível-alvo. Uma variação grande e prolongada nesta frequência pode levar a danos em equipamentos e desconexões em série e apagões.

No dia 28 de abril, por volta de 12h30 na Espanha, a frequência da rede caiu do nível-alvo de 50 hertz para 49 hertz. Foi o suficiente para que cerca de 15 gigawatts (GW) de geração fossem desconectados (60% da demanda do país naquele momento). O incidente levou à desconexão com a França, que foi pouco impactada. Portugal, por sua vez, altamente interconectado com o vizinho, foi afetado de imediato, reduzindo o atendimento à demanda de quase 6 GW para virtualmente zero.

A razão para a oscilação na frequência que desencadeou as falhas no sistema, ainda não foi confirmada, e muitas hipóteses ainda são consideradas. Independente da causa primária, o incidente sugere uma falha na estabilidade do sistema, que deveria ser capaz de isolar eventos localizados, evitando um impacto da magnitude observada. Ainda é difícil determinar a origem desta incapacidade.

No entanto, tudo indica que a falta de inércia foi determinante. A inércia, que é atributo físico de grandes turbinas rotativas, suaviza flutuações de frequência, e é típica de geradores convencionais, como hidrelétricas e térmicas. Fontes renováveis como a solar fotovoltaica, não fornecem inércia física ao sistema, e matrizes com abundância destas fontes são mais vulneráveis a distúrbios na rede. No caso espanhol, usinas solares fornecem em média cerca de 20% da energia, porém no momento do incidente elas eram responsáveis por mais da metade da geração.

Fonte: ENTSO-e

Reflexões e desafios

O episódio levanta questionamentos quanto à segurança do suprimento ante condições atípicas. A rápida evolução de uma anormalidade local para um apagão de dimensão internacional gera preocupação.

Situações como esta evidenciam a complexidade da operação num contexto de transição energética e mudanças climáticas, e apontam para a necessidade de investimentos em resiliência. A arquitetura tradicional das redes, projetada para uma geração centralizada convencional dotada da inércia inerente às máquinas, já não é adequada. Flexibilidade para responder a perturbações e redes com sustentação de estabilidade, capazes de ilhar distúrbios pontuais e recompor o serviço com agilidade, são críticos diante da nova realidade. O apagão ainda carece de muitas explicações, mas não restam dúvidas quanto à urgência da adaptação da infraestrutura física e dos procedimentos técnicos à nova realidade.

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