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Pedestres caminham ao lado de carros empilhados em uma rua coberta de lama após enchentes em Picanya, perto de Valência, leste da Espanha, em 30 de outubro de 2024. Inundações provocadas por chuvas torrenciais na região de Valência, no leste da Espanha, deixaram 51 mortos, disseram serviços de resgate em outubro 30 (Jose Jordan/AFP)
Repórter de ESG
Publicado em 10 de novembro de 2025 às 14h09.
Belém - A Alemanha e a Espanha devem investir US$ 100 milhões em um novo programa focado em aumentar a resiliência climática em países em desenvolvimento. O anúncio foi feito nesta segunda-feira, 10, em um evento da COP30.
Os recursos serão destinados para o projeto ARISE (sigla para Acelerando Investimentos em Resiliência e Inovação para Economias Sustentáveis, na tradução literal do inglês), criado pelo Climate Investment Fund, mecanismo multilateral de US$ 13 bilhões que opera vinculado ao Banco Mundial.
O ARISE busca incorporar resiliência climática nas estratégias econômicas de países, desbloqueando novas fontes de financiamento climático e mobilizar fundos voltados para clima, setor privado e bancos multilaterais de desenvolvimento na discussão.
Por meio de um comunicado, a diretora-executiva do CIF, Tariye Gbadegesin, afirmou que a oportunidade de aumentar a preparação de países pobre aos efeitos climáticos extremos é “grande demais para ser ignorada”. E que as mudanças do clima exigem um novo tipo de resposta financeira.
Durante reunião de líderes de bancos multilaterais e representantes de governo na manhã desta segunda-feira, a ministra da cooperação econômica e desenvolvimento da Alemanha, Reem Alabali Radovan, lembrou que cada vez mais pessoas já sentem os efeitos devastadores das mudanças climáticas, que afetam a todos, mas não igualmente.
“Na Alemanha, trabalhamos para que todos entrem no debate e contribuam com uma quantia justa, sejam os países desenvolvidos ou emergentes”, afirmou.
A ministra alemã disse também que seu país está empenhado em apoiar e proteger Amazônia e a adaptação climática em países africanos porque entendemos que faz sentido economicamente. "Porém, como comunidade global, ainda precisamos fazer muito mais”, explica.
Para ela, os fundos multilaterais têm a oportunidade de proteger a infraestrutura crítica de países mais pobres, mas isso exige que as políticas econômica e de resiliência climática estejam unidas.
Ilan Goldfjan, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, afirmou durante o evento que as mudanças climáticas custam ao mundo uma média de US$ 320 bilhões por ano, enquanto na América Latina e Caribe, já ultrapassamos o custo de US$ 1,2 milhões por hora por conta dos efeitos do clima.
“A urgência é clara, mas a oportunidade também. Investir em resiliência cria empregos, fortalece as economias locais e reforça ambientes seguros para atrair capital privado”, explicou.
Goldfjan detalhou a estratégia que o BID pretende adotar na COP30 para evoluir no tema financiamento climático.
O Banco expandirá em US$ 2 bilhões o seu incentivo para cobertura de desastres climáticos: o recurso será usado para apoiar países e empresas, que passam a incluir o debate, na gestão climática.
A partir essa quantia, o BID acelerará o Climate Resilience Debt Clauses, sistema que permite que governos suspendam o pagamento das dívidas em caso de desastres naturais.
“Mais países terão acesso a esse recurso, com um adicional de US$ 1 bilhão em proteção disponível a partir de 2026 e atingindo uma cobertura total de US$ 4,2 bilhões”, disse o executivo.
O apoio às nações após desastres também será reforçado: o Contingent Credit Facility for Natural Disasters receberá mais países elegíveis, além de um aumento na cobertura em US$ 1 bilhão, atingindo US$ 5 bilhões em proteção total em 2026.
O diretor ainda afirmou que o BID trabalha para desenvolver um mecanismo que transfira o custo dos eventos climáticos extremos para seguros e o mercado de capitais, que já está sendo desenvolvimento com Belize, Honduras e Panamá.
A CEO da COP30, Ana Toni, disse durante a discussão que os bancos multilaterais de desenvolvimento estão no centro do debate de financiamento climático e parte essencial para solucionar o vão de US$ 1,3 trilhão.
“Espero que nesse ano possamos construir juntos a agenda de ação do financiamento climático, que pode se concretizar nesta COP30”, afirmou.
Toni ainda afirmou que espera que a COP30 mostre os caminhos até o financiamento climático e que os bancos multilaterais unam seu trabalho para multiplicar esforços.