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Maior fonte de financiamento das iniciativas é a partir de recursos próprios dos líderes e fundadores, de acordo com estudo (UberImages/Thinkstock)
Repórter de ESG
Publicado em 27 de novembro de 2024 às 16h20.
A captação de recursos é a principal dificuldade para 89% das organizações filantrópicas que trabalham com a temática racial no Brasil, revelando a dificuldade de acesso a capital e editais de financiamento. A escrita de projetos é o segundo desafio mais citado, mencionado por 56% das instituições.
As informações são do Diagnóstico sobre Filantropia e Raça, do Fundo Agbara, uma iniciativa de impacto social voltada ao fortalecimento de projetos focados na igualdade étnico-racial. A pesquisa também contou com a participação do Núcleo de Pesquisa e Memória da Mulher Negra. O objetivo foi mapear o cenário de marginalização das organizações lideradas por ou voltadas ao atendimento de pessoas negras.
A carência de planejamento estratégico é uma dificuldade relatada por 48% das instituições, seguida pelo desenvolvimento institucional, citado por 45% dos entrevistados. Outros problemas relatados incluem falta de habilidades em línguas estrangeiras (33%), dificuldades na mobilização de pessoas (33%), comunicação (30%) e prestação de contas (24%).
A dificuldade de captar recursos limita o impacto dessas entidades. Apenas 3,4% das organizações receberam mais de R$ 300 mil no último ano para impulsionar seu trabalho. A grande maioria, 30%, captou entre R$ 500 e R$ 5 mil. O segundo maior grupo (28%) corresponde às organizações que receberam entre R$ 1 e R$ 500.
Diante dessas limitações, a pesquisa aponta que as principais formas de financiamento dessas entidades são recursos dos próprios membros (57%), doações individuais (57%) e editais públicos, que contribuem para a arrecadação de fundos de 40% das organizações. Para mais de 70% das instituições, o maior impedimento para a captação de recursos é o impacto do racismo.
A pesquisa também mapeou a atuação e o desenvolvimento das organizações brasileiras. A maior parte delas, 45%, está localizada no Nordeste, seguida pelo Norte (23%), Sudeste (18%), Sul (10%) e Centro-Oeste (7%). Apenas 2% das organizações têm atuação em todo o território nacional.
Regionalmente, as organizações priorizam a atuação nas periferias e comunidades, foco de 39% delas. Outras 12% atuam em zonas rurais, 5% em favelas, 1% longe dos centros urbanos e 0,6% nos sertões.
Entre as organizações que trabalham pelo desenvolvimento de territórios tradicionais, 42% atuam em territórios quilombolas, enquanto 37% focam em comunidades tradicionais de matriz africana. Outros 18% atuam em territórios ribeirinhos, 12% em aldeias indígenas, 5% entre comunidades marisqueiras e quase 2% com grupos ciganos.
A falta de registro formal é uma das dificuldades enfrentadas: 54% das organizações não possuem registro no CNPJ, o que dificulta o acesso a recursos cruciais para a realização de atividades comunitárias, conforme apontado por 49% das organizações. Apenas 45% das entidades contam com CNPJ.
A maior parte das organizações atua em mais de uma área temática, com quase 90% delas trabalhando em frentes interseccionais. Entre os temas, cultura lidera, sendo o foco de 71% das organizações, seguido por educação (60%), direitos humanos (51%), empreendedorismo social (40%) e comunicação (30%).
As mulheres cisgênero lideram quase 90% das organizações. Em seguida, aparecem os homens cis (43%), mulheres transgênero (7%), homens trans (3%), pessoas não-binárias (6%) e travestis (2%).
A pesquisa também apresenta recomendações para auxiliar o desenvolvimento da filantropia com foco na equidade racial e de gênero, entre elas: