ESG

Abismo digital: só 20% dos brasileiros têm internet de qualidade

Pesquisa promovida pela consultoria PwC, em parceria com o Instituto Locomotiva, mostra os desafios para um Brasil e fato conectado e sugere políticas públicas inclusivas em parceria com empresas e governos

Pesquisa mostra dados da inclusão digital no Brasil  (Prasit photo/Getty Images)

Pesquisa mostra dados da inclusão digital no Brasil (Prasit photo/Getty Images)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 18 de março de 2022 às 06h00.

A pandemia da covid-19 provocou uma rápida transição para o trabalho remoto e acelerou as tendências de digitização e automação no Brasil. Por outro lado, houve atrasos na formação educacional da população menos conectada e muitos brasileiros ficam para trás como aponta a pesquisa Abismo Digital, promovida pela consultoria PwC, em parceria com o Instituto Locomotiva.

Para além da digitalização em si, há desafios estruturais de educação, uma vez que 68% dos estudantes não têm conhecimentos básicos de matemática e o Brasil ocupa a 58ª posição do mundo em leitura. Assim, além do acesso, há o desafio de formação de talentos para o mercado de trabalho, algo já visto no país, por exemplo, com a dificuldade para formar os profissionais do setor de tecnologia, que precisará de 797 mil novos talentos de 2021 a 2025, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom).

Para mudar o cenário será preciso que empresas, governos e sociedade civil vejam as reais oportunidades na digitalização dos brasileiros.  Segundo análise da PwC para o Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), o aprimoramento acelerado de competências deve aumentar a produtividade global do trabalho em 3%, em média, até 2030.

“Para promovermos melhorias, a primeira ação é sensibilizar as empresas e governos para que entendam as oportunidades da inclusão digital”, diz Marco Castro, presidente da PwC Brasil. Segundo o executivo, a companhia tem uma agenda determinada para promover conversas com funcionários, empresas, governos e a população em geral.

Para Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, a democratização do acesso digital é menor do que parece no senso comum. “O fato de 45% dos brasileiros serem subconectados é um dado alarmante de que não existe letramento digital, o que compromete toda a discussão de futuro do país”.

Veja os principais resultados da pesquisa

  • 81% da população com 10 anos ou mais usam a internet, mas somente 20% têm acesso de qualidade
  • 13,5 milhões de domicílios têm conexão de banda larga móvel via modem ou chip, a mais lenta
  • 68% dos domicílios sem acesso à internet apontam o alto preço dos serviços como um dos motivos para não os contratar.
  • 21% dos alunos matriculados nas redes municipais e estaduais de educação básica estão em escolas sem acesso à banda larga
  • Apenas 8% dos internautas plenamente conectados pertencem às classes DE, enquanto entre os desconectados eles são 60%.
  • Na crise sanitária, a falta de tecnologia na escola e em casa prejudicou mais os alunos da rede pública. 21% dos alunos matriculados nas redes municipais e estaduais de educação básica estão em escolas sem acesso a banda larga, tecnologia essencia para o ensino virtual.

Pesquisa: o abismo digital no Brasil (//Reprodução)

"A ampliação do mercado faz com que se democratizem os dispositivos de tecnologia como um todo. E não existe magica, é preciso uma política pública de parceria público-privado que facilite o acesso para quem mais precisa", diz Meirelles.

Digitalização e acesso na PwC

Além da pesquisa, a PwC tem investido em programas de formação de profissionais para a tecnologia. Um exemplo é o Access Your Potential (AYP), que em janeiro, em sua segunda edição, proporcionou a 200 jovens, entre 16 e 26 anos no Brasil, a oportunidade de vivenciar mentorias individuais com profissionais da PwC Brasil, sobre temas como carreira, marketing pessoal, entrevistas de emprego e inteligência financeira, além de participarem de webinars e capacitações on-line sobre soluções tecnológicas, liderança e desenvolvimento de competências, design thinking e análise de dados.

"Formar mão de obra qualificada, olhando também para diversidade e inclusão, é um dos caminhos para a geração de acesso e, consequentemente, melhora da economia ao oferecer melhores salários, oportunidades de consumo e de melhoria de vida", diz Castro.

 

 

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