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A Zona Franca de Manaus: empresas do polo industrial faturaram mais de 100 bilhões de reais no ano passado (SUFRAMA/Reprodução)
Rodrigo Caetano
Publicado em 24 de agosto de 2020 às 06h00.
Representantes das indústrias da Zona Franca de Manaus se reúnem nesta segunda-feira, 24, com o vice-presidente, Hamilton Mourão. O objetivo é discutir planos de desenvolvimento para a região amazônica – os empresários reclamam de falta de protagonismo nas discussões que envolvem o projeto do governo de criar um novo modelo econômico para a floresta.
Participam da iniciativa a Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), a Associação dos Fabricantes de Motocicletas e Bicicletas (Abraciclo) e o Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM). As entidades entregaram um documento a Mourão com propostas para a criação de um plano de desenvolvimento, em linha com a bioeconomia.
Entre elas, está a de mudar a governança do programa da Zona Franca, incluindo critérios para atrair investimentos ligados à biotecnologia. Isso seria possível com a constituição de cadeias de microempreendedores sustentáveis na região, com investimentos em pesquisa atrelados à bioeconomia, infraestrutura e capacitação profissional. O resultado esperado, diz o documento, é formação de novos vetores de desenvolvimento socioeconômico de maior valor agregado.
As propostas das entidades estão alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), conjunto de 17 metas estabelecidas pela ONU para serem atingidas em 2030. O Brasil, até o momento, cumpre apenas uma, a de universalização da energia.
O Polo Industrial de Manaus representa mais de 80% da economia do maior estado amazônico. As empresas instaladas no setor, que fabricam motocicletas, eletroeletrônicos, produtos químicos e termoplásticos, faturaram mais de 100 bilhões de reais no ano passado, com crescimento de 12% no valor em reais. Este ano, até maio, as indústrias do polo registram queda de 11,6% na receita.
Desde o início do atual governo, o modelo da Zona Franca tem estado em evidência por conta do posicionamento do ministro da Economia, Paulo Guedes. Liberal declarado, Guedes tem uma postura contrária aos incentivos fiscais, de modo geral. No ano passado, o ministro deu a entender, em entrevista, que, com a reforma tributária, o polo pode perder a sua função como incentivador da industrialização na região. “Eu tenho de deixar o Brasil bem desarrumado ou não tem vantagem para Manaus?”, questionou Guedes.
Outra crítica que o modelo recebe se deve ao perfil das empresas, inadequado para a região, que teria um perfil mais voltado para a biotecnologia. Nesse sentido, as entidades afirmam que o polo é gerador de grande montante de recursos, que podem ser direcionados para o aprofundamento da diversificação produtiva na Amazônia.