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A integração elétrica: um trunfo energético subestimado da América Latina

Mecanismo é um dos elos que faltam para uma transição energética bem-sucedida na região

Publicado em 23 de julho de 2025 às 14h11.

Última atualização em 23 de julho de 2025 às 18h12.

Ao conectar redes vizinhas, os países ganham maior segurança no fornecimento, redução de custos e conseguem avançar na integração de fontes renováveis. Quando há excesso de produção em uma região, a energia pode ser enviada para outra onde há escassez – algo cada vez mais importante em um contexto de mudança climática e de esforços para alcançar a transição energética.

Na prática, interconectar sistemas permite aproveitar melhor os recursos existentes, evitar o uso de usinas mais caras e reduzir as emissões. Também viabiliza a construção de usinas em países com alto potencial renovável e baixa demanda local, com foco na exportação de energia limpa para os países vizinhos. Isso atrai investimentos e impulsiona o desenvolvimento do setor.

Um exemplo bem-sucedido é o North Sea Link, que liga o Reino Unido à Noruega por um cabo submarino de 720 km. Com capacidade de 1.400 megawatts (MW), ele permite trocas de energia renovável entre os dois países: o Reino Unido envia excedentes de energia eólica para a Noruega, enquanto recebe energia hidrelétrica do vizinho em momentos de necessidade.

Na América Latina, o destaque é o SIEPAC, sistema que conecta os países da América Central por meio de um conjunto de linhas de 1.800 km. Com capacidade de 300 MW, ele viabilizou a criação de um mercado regional de energia, trazendo eficiência e preços mais competitivos aos consumidores, além de respeitar a regulação de cada país.

Atualmente, dois projetos importantes estão em desenvolvimento. O primeiro é a interconexão Colômbia–Panamá, que contará com cerca de 500 km de extensão, incluindo um cabo submarino no Golfo de Urabá. Com capacidade de 400 MW e custo estimado em US$ 800 milhões, o projeto busca integrar os mercados sul-americano e centro-americano, promovendo ganhos de eficiência, segurança e menor custo da energia.

O segundo é o Projeto Hostos, que prevê a conexão entre República Dominicana e Porto Rico por meio de um cabo submarino de 116 km, com capacidade de 700 MW. A expectativa é que o sistema entre em operação em 2030, com capacidade para atender até 20% da demanda elétrica de Porto Rico.

As perspectivas para novas interconexões na América Latina são promissoras. A iniciativa SINEA busca unir países andinos como Peru, Equador, Colômbia, Bolívia e Chile por meio de um corredor elétrico regional. Já o Cone Sul discute reforços nas interligações entre Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile, com potencial para aproveitar os diferentes recursos de cada matriz – como a geração solar chilena, a hidrelétrica brasileira e o desenvolvimento do gás na Argentina.

Por outro lado, projetos de interconexão enfrentam desafios como a falta de harmonização regulatória, altos custos iniciais e longos prazos de implantação (o projeto de interconexão Colômbia/Panamá está em discussão desde o início dos anos 2000, por exemplo). Também há resistências relacionadas à soberania energética e ao receio de dependência externa. Ainda assim, os benefícios podem superar os obstáculos via geração de empregos, atração de investimentos, uso mais eficiente dos recursos de geração dos países, maior segurança energética e avanço na transição energética.

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