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Lixo orgânico ajuda no plantio de 40 mil mudas de verduras e legumes por ano, segundo o Shopping Eldorado (Allos/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 12 de março de 2024 às 10h00.
Última atualização em 13 de março de 2024 às 13h53.
Desde 2012, o Shopping Eldorado destina as 110 toneladas de lixo orgânico geradas mensalmente na sua praça de alimentação para a compostagem interna. O resíduo, que seria descartado em aterros sanitários, vira adubo na plantação de mudas de legumes e verduras no telhado do shopping.
Conhecida como Telhado Verde, a área de 6 mil m² recebe o cultivo de 40 mil hortaliças a cada ano, pouco mais de 3 mil mudas por mês. A colheita dos alimentos, feita a cada 45 dias, é distribuída entre os funcionários do estabelecimento.
Além de dar uma destinação correta para o lixo produzido no shopping, a horta ainda ajuda a amenizar a temperatura da microrregião, segundo a superintendente do Shopping Eldorado, Bettina Quinteiro. “Desde o início da plantação das mudas, nós usamos menos o ar-condicionado, o que economiza também no consumo de energia”, conta.
O resíduo sólido, que chega a mais de 70 toneladas por mês, é destinado a 80 famílias de uma cooperativa responsável pela reciclagem e comercialização dos materiais. Dessa forma, o Eldorado já reduziu em 95% a sua destinação de lixo para aterros sanitários, e agora busca se tornar um empreendimento com zero geração de resíduos.
O shopping também criou a própria estação de tratamento de esgoto nas instalações. A capacidade é de gerar 240 mil litros de água de reuso por dia, o equivalente a 40% da água utilizada no shopping. A água tratada é utilizada em vasos sanitários, no resfriamento do ar-condicionado e na limpeza dos pisos.
As bitucas de cigarro e tampinhas de garrafas também recebem um direcionamento: em parceria com a Poiato Recicla, empresa de destinação de materiais, o resíduo dos cigarros é transformado em papel artesanal utilizado em oficinas de arte. As tampas plásticas, por sua vez, são enviadas para a ONG Eco Patas, que comercializa as tampinhas para custear a castração de animais abandonados ou de pessoas em vulnerabilidade social.
De acordo com Quinteiro, além da melhoria ambiental, as implementações também foram benéficas ao bolso. “Nosso investimento com todas as ações é em torno de R$ 40 mil por mês, mas a economia que tivemos, considerando o menor uso de energia e água, é por volta de R$ 1 milhão ao ano”, conta a superintendente.
A Allos, empresa que controla o Shopping Eldorado, implementa ações similares em todos os shoppings que administra (por volta de 60 empreendimentos). O grupo, que nasceu da fusão da Aliansce Sonae e brMalls em 2023 e herdou operações em 16 Estados, quer alcançar 90% de taxa de reciclagem em todos os seus shoppings até 2030 — missão que esbarra nas distintas realidades de cada shopping antes da união das empresas.
Até o momento, 50% dos resíduos gerados nos estabelecimentos da Allos é destinado à reciclagem ou compostagem. Além do Eldorado, shoppings como Leblon (Rio de Janeiro) e Parque Dom Pedro (Campinas) já destinam corretamente mais de 90% do seu lixo, enquanto o Passeio das Águas (Goiânia) e o Metrópole (São Bernardo do Campo) têm taxas acima dos 80%.
A maior parte deles (77%, o que equivale a 41 shoppings) já apresentam modelos de compostagem e separação do lixo. Ao todo, são mais de 30 mil toneladas de resíduos destinados corretamente. Diretora jurídica e coordenadora da comissão de ESG da Allos, Paula Fonseca conta que para melhorar a atuação além das áreas comuns, a companhia realiza treinamentos com os lojistas para que separem o lixo dentro dos seus estabelecimentos.
“Muitos dos nossos esforços dependem dos lojistas. Já fizemos treinamentos com 12 mil funcionários das lojas para que tenham a formação e entendam os processos na coleta seletiva”, afirma.Entre as metas da empresa, está a utilização completa de energias renováveis e limpas até 2030. Hoje, a taxa está em 85%. No Franca Shopping, uma usina de energia solar é responsável por toda a eletricidade nas áreas comuns do local.
A emissão de carbono também está nos objetivos: a empresa quer neutralizar a geração de gases causadores do efeito estufa até 2040, mas antecipou a meta nos quatro shoppings que possui na Bacia Amazônica. “Com a expectativa da COP30, para comemorar que a Conferência do Clima da ONU está chegando no Brasil e no Pará, os shoppings da Allos em Belém e Manaus vão neutralizar suas emissões ainda neste ano. É uma ação para comemorar”, conta Fonseca.
Líder da estratégia de sustentabilidade no maior grupo de shoppings do Brasil, Paula afirma que a Allos tem a responsabilidade de mostrar para o setor que os cuidados ambientais podem ser benéficos para o meio ambiente e para as finanças. “As mudanças e metas que fizemos têm potencial de impactar e engajar a cadeia toda, melhorando os hábitos de todo o setor de shoppings. Queremos mostrar resultado e mudar para que crie um incentivo nas melhores práticas sustentáveis”, diz.