ESG

A EDP tirou a maior nota no índice ESG da B3. O segredo? Fazer o básico

Empresa de energia está há 16 anos no ISE, índice de sustentabilidade da bolsa. Mudança cultural foi a chave para transformar o negócio

energia; solar; usina; banco do brasil; EDP; porteirinha mg;  (Leandro Fonseca/Exame)

energia; solar; usina; banco do brasil; EDP; porteirinha mg; (Leandro Fonseca/Exame)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 2 de fevereiro de 2022 às 13h47.

Última atualização em 22 de junho de 2022 às 16h07.

A B3, operadora da bolsa de valores de São Paulo, divulgou pela primeira vez as notas das empresas que compõem a carteira do ISE, seu índice de sustentabilidade empresarial. À frente do ranking geral está a EDP Energias, com um score de 90,25. A companhia está à frente de ícones do ESG e da sustentabilidade, como Natura, Klabin e Suzano. O segredo para o bom desempenho? Fazer o básico.

“Tivemos um marco em 2016, quando as metas de sustentabilidade passaram a fazer parte do bônus dos executivos”, afirma Fernanda Pires, vice-presidente de pessoas e ESG da EDP. “Estamos há 16 anos na carteira, lidamos com o tema há muito tempo.”

O resultado é fruto de um trabalho de mudança cultural iniciado em 2014. É essa transformação que, antes de qualquer investimento, dita os rumos do ESG na empresa. “Vejo muitas companhias focando em um grande projeto, porém, o que mais importa não é o que fazer, mas como fazer”, diz Pires.

A área de melhor desempenho da EDP, de acordo com a avaliação da B3, foi a ambiental. Dominic Schmal, gestor executivo de sustentabilidade da EDP, afirma que o ponto de partida para alcançar o resultado é ter um sistema de gestão ambiental. “É básico, mas é o que funciona”, diz o executivo. “Você pode fazer uma série de projetos, mas o que vai garantir a execução é a sua capacidade de gerir as iniciativas.”

Os investimentos, segundo Fernanda Pires, acabam sendo uma consequência dessa transformação cultural. “A mudança de mentalidade que decide. Quando mudamos o modelo de metas, o engajamento subiu muito”, diz ela. “Tínhamos o pior resultado do grupo em segurança no trabalho. Hoje, somos o maior destaque.”

Para o próximo ciclo, a executiva acredita que a questão social, o S do ESG, irá ganhar relevância. A EDP criou duas iniciativas na área, um comitê de inovação social e o Lab de Impacto, programa que busca promover a mesma mudança cultural da empresa em seus parceiros e fornecedores. Um dos papéis do comitê será criar iniciativas para incluir pequenos fornecedores locais na cadeia de suprimentos da companhia.

(Patricia Lima/Exame)

Ranking do ISE

O ISE, uma das principais referências de sustentabilidade do mercado de capitais brasileiro, foi totalmente reformulado. O ponto de partida para a mudança foi a transparência e a visibilidade de dados. Nessa frente, as respostas das empresas que se aplicarem ao índice por meio dos questionários estarão disponíveis para consulta pública, o que antes só acontecia no caso das companhias que integravam a carteira do ISE.

Ainda que pese a diferença setorial e a maturidade de cada mercado em relação ao ESG, a B3 decidiu publicar um ranking este ano. Segundo a empresa, com o novo questionário, as companhias passaram a ser avaliadas com base nas questões materiais de seus negócios, o que permite a comparação com empresas de setores diferentes.

Outra mudança é a inclusão de dados externos à análise, inclusive de notícias sobre as companhias. Adicionalmente, foram consideradas informações sobre reputação e uma análise baseada em benchmarks ESG internacionais. Isso deixou de fora antigas “frequentadoras” do ISE, como os frigoríficos Marfrig e JBS, que alcançaram a nota mínima para entrar na carteira, porém, “bombaram” no critério de reputação. Quem também ficou de fora foi a Ambev, pelo mesmo motivo.

 

Acompanhe tudo sobre:Energia renovávelMelhores do ESG 2022 - Energia

Mais de ESG

Governo quer plantar 300 mil hectares nas cidades até 2050 para enfrentar desigualdades climáticas

Tubarões meteorologistas? Como animais se tornaram caçadores de furacões no Atlântico

Bolha da rosquinha? Ações da Krispy Kreme disparam sem motivo aparente. É a volta das ‘meme stocks’

O grande desafio da modernização da transmissão de energia em São Paulo