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Casa sustentável: mudanças climáticas demanda um novo design de moradias, com foco em materiais sustentáveis e menor pegada de carbono (Thinkstock)
Repórter de ESG
Publicado em 13 de setembro de 2024 às 11h15.
Última atualização em 13 de setembro de 2024 às 18h22.
Passamos de uma era de aquecimento global para uma "ebulição global", com os termômetros batendo recordes e os eventos climáticos extremos gerando novas formas de viver e morar. Mas, afinal, como os brasileiros enxergam as mudanças e adaptações em suas casas? Um estudo encomendado pela Dexco, denominado "Arquitetura da Experiência" e realizado pela consultoria Sparkoff, apontou que a maioria das pessoas entende que a crise climática será o principal fator de impacto em seus lares. Dentre os mais de mil entrevistados, 65% acreditam que serão criadas novas soluções de controle de temperatura dos ambientes, e 51% acreditam que irão mudar, inclusive, o estilo de vida, horários de atividades e escolhas pessoais.
Nesta edição, os insights de consumo e tendências foram construídos junto a 12 profissionais de diferentes áreas e compartilhados com o mercado, visando transformar aspirações em ações efetivas. Pela segunda vez consecutiva, a sustentabilidade apareceu em alta em 2024, reforçando a importância de trazer materiais e soluções de vida mais sustentáveis para o nosso dia a dia.
Fernanda Moceri, gerente de Design Estratégico da Dexco, destacou à EXAME que atualmente 80% de todas as moradias já estão construídas, e, muitas vezes, é o caso de apenas adaptar, fazer pequenas reformas e melhorias no ambiente. "Precisamos de produtos que tenham a criatividade do design, sejam esteticamente bonitos e se posicionem como ecológicos. Como marca, procuramos fazer essa junção do conhecimento das pesquisas de tendências com soluções que já existem e se encaixam no nosso processo produtivo", disse.
Pensando nisso, a gigante dos materiais de construção apresenta quatro macrotendências que se interligam de uma forma ou outra: "Fluid Lives" (vidas fluidas), "Life Centric" (centrado na vida), a revolução da comunidade e "Beyond Human" (além do humano).
O estudo traz como temática principal uma visão metamoderna, com o desenho de um pêndulo sobre como estamos enquanto sociedade e comportamento. "A ideia é que oscilamos emocionalmente, com pretensões e necessidades que não condizem com as nossas realidades. Pensando em sustentabilidade, muitas vezes não conseguimos fazer compras conscientes, pois elas são muito caras. Então, ao mesmo tempo que queremos ser mais sustentáveis e entendemos a importância, não temos capital para investir. É sobre essa oscilação", explicou Moceri.
A análise considera que, até 2050, 5 bilhões de pessoas irão viver sob calor extremo, e dados do State of Climate Action de 2023 mostram que os progressos alcançados no combate à emergência climática continuam insuficientes. Ao mesmo tempo, a proporção de europeus e norte-americanos que consideram a sustentabilidade importante caiu 10 pontos percentuais, e 96% da Geração Z e dos Millennials do Reino Unido entendem o custo como uma barreira para fazer compras mais ecológicas.
Segundo Moceri, o pilar "Life Centric" é o que mais se conecta com a agenda ESG, visto que o conceito busca mudar o foco do ser humano no centro das discussões e incluir todas as formas de vida e ecossistemas — uma visão holística e de convivência harmônica com a natureza.
Neste pilar, o ano é marcado pelo "boom na bioeconomia", com foco na biomimética, trazendo a "bioconstrução" como uma tendência que une a precisão da ciência com a criatividade de designs inspirados na natureza nos próximos anos. O conceito se inspira em fenômenos naturais e na biodiversidade para a criação e desenvolvimento de novos produtos.
A exemplo, estão materiais biodegradáveis da marca Chloe Mountain, que misturam restos de cerâmica com dejetos da produção de açúcar, e o uso de texturas orgânicas pela Smile Plastics na criação de sua linha de revestimento com plásticos recicláveis.
Outro destaque é a arquitetura pós-carbono, um movimento de redução drástica das emissões relacionadas aos processos de construção, seja pelo uso de materiais com uma pegada de carbono mais baixa, pela economia circular e reciclagem, ou pela eficiência energética. Na pesquisa, 42% dos brasileiros acreditam que a principal mudança nessa área será nos equipamentos dentro de casa, seguidos pelos materiais utilizados (30%) e na própria forma de construir (21%).
Entre as iniciativas atuantes nesse sentido está o movimento "Don’t Move", com foco em reformas e retrofit, reimaginando espaços e reforçando a ideia de que devemos mudar para restaurar, manter e evoluir o que temos -- ao invés de construirmos algo do zero.
Como norte, a Dexco também ressalta a necessidade de "adentrar na fluidez", com um olhar mais cuidadoso como sociedade e planeta. "Nossa política ESG tem sido trabalhada com muita atenção, buscando materiais recicláveis e propondo, sempre que possível, a reutilização. Agimos pelo descarte consciente para não termos problemas ambientais e pelo uso responsável de recursos naturais. Também trazemos marcas que estão propondo soluções positivas para perto", destacou Moceri. Recentemente, empresa lançou um revestimento feito com resíduos da produção de louças sanitárias, uma linha da marca Castelatto que contribui para a economia circular.
A ideia é usar os resultados da pesquisa para inspirar o desenvolvimento e a estratégia de novos produtos internamente e também nas suas investidas — como a Noah, Urbem e Cubo Itaú — e, no final das contas, promover de fato uma mudança de paradigma na construção civil.