Amazônia: desmatamento em março ficou centrado em cinco municípios (Bruno Kelly/Reuters)
Em março de 2021 o desmatamento identificado pelo sistema de monitoramento Deter/Inpe totalizou 367,6 quilômetros quadrados, equivalente a três vezes o registrado em fevereiro. Com a redução das chuvas na região é esperado que ocorra um crescimento gradual do desmatamento, pois a dificuldade de acesso à floresta vai diminuindo. Além disto, fatores inerentes ao processo de desmate também são facilitados, como o uso do fogo para limpeza da área recém-desmatada. Este comportamento sazonal é apontado por especialistas e pode ser observado a partir da análise dos dados mensais do Inpe.
Porém, este valor é o maior registrado para o mês de março desde 2016 e representa 10% de alta em relação a março de 2020. É necessário atentar-se que, apesar dessa relação com o clima, a chuva não é o único fator de influência no processo. O desmatamento é resultado de um conjunto de fatores políticos e econômicos, além da fiscalização governamental e ações para a aplicação da legislação vigente. Este é o momento, portanto, de estabelecer estratégias de proteção da floresta e combate ao desmatamento ilegal, nas esferas federal, estadual e municipal, para que os altos índices observados nos últimos anos possam ser evitados.
Embora em março tenham sido identificados desmatamentos em 135 municípios da Amazônia Legal Brasileira, 49% ocorreram em apenas cinco deles: Novo Progresso, Altamira, São Felix do Xingu e Itaituba no Pará e Lábrea, no sul do Amazonas. Dentre eles apenas Altamira esteve presente entre os cinco que mais desmataram nos meses anteriores deste ano. Por outro lado, todos eles estiveram entre os dez que mais desmataram em 2020. Conheça mais sobre estes municípios.
Disclaimer
Essas análises foram embasadas no Deter, o sistema de monitoramento e alerta de desmatamento e outras alterações da cobertura florestal na Amazônia, desenvolvido pelo Inpe para dar suporte à fiscalização, através do repasse diário dos dados mapeados para o Ibama e outros órgãos competentes. Esse sistema monitora vegetação com fisionomia florestal dentro da Amazônia Legal Brasileira, excluindo áreas previamente desmatadas. Portanto, não são contabilizadas as áreas que passaram por desmatamento no passado, estavam em processo de regeneração florestal e foram novamente desmatadas.
A identificação de alterações da cobertura florestal é feita por interpretação visual de especialistas, com área mínima próxima a 3 hectares. Para o público geral são disponibilizadas as áreas superiores a 6.25 hectares através do site: http://terrabrasilis.dpi.inpe.br/. A metodologia e as estatísticas de validação do Deter publicadas em artigo científico está disponível em:
https://doi.org/10.1109/JSTARS.2015.2437075.
Embora o Inpe enfatize que a finalidade do Deter seja a expedição de alertas para suportar a fiscalização e que os números oficiais do desmatamento na Amazônia Legal Brasileira sejam fornecidos anualmente pelo Sistema Prodes, a divulgação do Deter tem permitido que a sociedade acompanhe mais de perto a dinâmica do desmatamento na região.