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3 em cada 4 pessoas vão sofrer com a seca até 2050, segundo estudo da ONU

'Atlas Mundial das Secas' é publicado na ocasião da COP16 da Desertificação, que acontece na Arábia Saudita entre 2 e 13 de dezembro

Organização das Nações Unidas recomenda que a governança, o manejo do uso da terra e o gerenciamento da água são medidas urgentes (AFP Photo)

Organização das Nações Unidas recomenda que a governança, o manejo do uso da terra e o gerenciamento da água são medidas urgentes (AFP Photo)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 4 de dezembro de 2024 às 14h24.

Última atualização em 4 de dezembro de 2024 às 14h38.

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Até 2050, três em cada quatro pessoas conviverão com os impactos das secas nos ecossistemas. Atualmente, 40% das terras já estão com algum grau de degradação, impacto direto na vida de 3,2 bilhões de pessoas a partir de produtividade biológica e econômica, número que deve aumentar ainda mais.

Os dados são do Atlas Mundial das Secas, da Organização das Nações Unidas, que alerta que os investimentos mundiais para reverter a crise até 2030 devem alcançar US$ 2,6 trilhões. O tema é discutido na 16ª Conferência da ONU sobre a Desertificação, que acontece até 13 de dezembro na Arábia Saudita.

Desde 2000, as secas tiveram aumento de 29% devido às mudanças climáticas e ao manejo insustentável dos recursos naturais e hídricos.

Apesar dos números assustadores, os pesquisadores avaliam que os países ainda não implementaram políticas, ações, investimentos e incentivos na medida necessária para combater a crise.

De acordo com o relatório, pela característica do impacto da seca, mais silenciosa do que outras tragédias relacionadas ao clima, como inundações ou terremotos, sua prevenção recebe menos atenção do que o necessário.

Efeitos da seca

As cinco principais áreas que serão impactadas pelo agravamento da seca são o abastecimento de água, agricultura, energia hidrelétrica, navegação interna e ecossistemas.

Com os efeitos na energia, espera-se que os preços da eletricidade aumentem ou que ocasionem quedas no fornecimento. Os pesquisadores ainda avaliam que a crise pode gerar um impacto no comércio internacional, dificuldade o transporte por vias internas, como o que aconteceu no Canal do Panamá no último ano. Por conta da crise hídrica, o fluxo de navios caiu de 38 para 22 ao dia.

Na área ambiental, a ameaça aos ecossistemas pode ser prevenida a partir do aumento da biodiversidade, evidência do impacto da biodiversidade na construção de resiliência climática.

A população em vulnerabilidade e pequenos agricultores devem ser os maiores impactados pelas mudanças na agricultura por conta da desertificação, que pode impactar as safras e gerar escassez de água.

“Nenhum país está imune”

Critérios como tamanho, PIB ou latitude não reduzem ou livram países da crise, aponta o estudo, que avaliou 21 estudos de caso em diferentes partes do mundo. No entanto, a Organização das Nações Unidas recomenda que a governança, o manejo do uso da terra e o gerenciamento da água são medidas urgentes para reverter o cenário.

Hugo Morán, secretário do Meio Ambiente da Espanha e copresidente da Aliança Internacional para a Resiliência à Seca (IDRA) juntamente com o Senegal, conta que o Atlas é um recurso poderoso para gerar impulso político para o gerenciamento proativo dos riscos de seca antes da COP16 na Arábia Saudita. “Já temos o conhecimento e as ferramentas para construir nossa resiliência para secas mais severas. Agora é nossa responsabilidade coletiva, e no nosso melhor interesse, tomar medidas para um futuro resiliente à seca”, explica.

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