(Reprodução/Thinkstock)
Por Cristina Fogaça*
Todo mundo tem na ponta da língua o discurso sobre a importância de uma boa estratégia de dados, certo? É difícil encontrar alguém que ignore o potencial do Data Analytics para ajudar na tomada de decisões. E com razão: realmente essa é uma necessidade básica em qualquer empresa competitiva. Mas percebo uma lacuna neste tema: ao mesmo tempo em que se valoriza a análise de dados, pouco se fala sobre o que fazer com eles.
O nome desse novo mercado em ascensão é: monetização de dados. Trata-se de um modelo de negócios que permite gerar receita por meio dos dados. E qual a importância disso? Toda. Há milhões de informações armazenadas tanto dentro das empresas quanto fora delas, mas, importante frisar, os dados por si só não significam muita coisa. É preciso saber extrair valor deles para entender como essa fonte valiosa de conhecimento pode representar ganhos financeiros, também.
Estou falando do acesso a informações que não apenas melhoram estratégias e abordagens comerciais mas também apontam tendências e insights que levam ao desenvolvimento de novos produtos e serviços. Já imaginou perceber antes de todo mundo uma nova demanda de mercado? Pois é. Isso vale ouro numa era na qual a competição é muito acirrada, e a disputa pela atenção do público, intensa.
Como funciona este mercado?
Geralmente, a monetização dos dados acontece por meio da troca ou da venda de informações a terceiros. Há um potencial enorme nesse tipo de cooperação entre empresas. Discutir isso, como é proposto pelo DDB, maior evento de dados para negócios, é de suma importância, pois permite a troca de experiência entre profissionais multidisciplinares, internacionalmente respeitados. Ao olhar para exemplos bem-sucedidos no uso de dados, fica claro que a inovação é feita de forma cada vez mais colaborativa e adaptativa, e não centralizada.
São os chamados composable business, os negócios combináveis: ecossistemas montados de forma modular como se fossem peças agregadas ao todo, a partir de parceiros especializados. Desta forma, por exemplo, uma loja que vende carros pode incorporar uma série de serviços complementares -- como o acesso a crédito para o financiamento dos veículos -- sem precisar necessariamente criar um braço para a operação. Tudo isso acontece por meio da troca e da monetização de dados.
Como se preparar para esta realidade?
As empresas interessadas em embarcar neste novo mundo precisam primeiramente garantir a legitimidade dos dados. Isso é inegociável. É muito importante ter critérios rígidos para a coleta e o tratamento das informações, afinal, elas devem estar em conformidade com a LGPD ( Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais). Além disso, é essencial que os dados sejam gerenciados de maneira eficiente para que o acesso seja democratizado e todos "fiquem na mesma página" – função da área de governança de dados.
Cumprida esta etapa básica, é preciso reunir um time de especialistas em soluções de tecnologia, negócios e segurança. A estratégia de monetização deve considerar o uso de tecnologias avançadas de gerenciamento de dados em tempo real; a padronização de informações em uma infraestrutura adequada de TI; um olhar detalhado para a identificação do valor de cada dado; e um conjunto rigoroso de políticas de segurança, de privacidade e de retenção de dados, a fim de evitar riscos ao negócio.
Outro diferencial importante que desponta como tendência no mercado é a combinação eficaz e eficiente de dados internos e externos, o que inclui uma série de desafios técnicos que podem ser vantajosos. Recentemente, a Deloitte realizou uma pesquisa que aponta para o futuro deste segmento. Segundo a consultoria, cada vez mais empresas buscam insights com base nos dados de terceiros tanto para aumentar a eficiência operacional quanto para gerar receita. E tem mais: metade dos profissionais entrevistados para o estudo disse que as organizações onde eles trabalham já vendem seus próprios dados.
Por fim, a questão que fica é: a sua empresa está pronta para as oportunidades da monetização de dados? Se sim, parabéns. Você está apto a usufruir de uma vantagem competitiva bastante interessante junto aos seus concorrentes. Se não, é melhor começar a pensar nisso para não ficar para trás.
*Cristina Fogaça é head de produtos e novos negócios da Neoway.