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Por que a crise na Venezuela parece não ter fim

Debates na ONU refletiram a confusão da comunidade internacional na busca por uma solução

Nicolás Maduro subiu ao poder em 2012 de maneira interina, ainda durante o agravamento da doença de Hugo Chávez (Pedro Rances Mattey/AFP)

Nicolás Maduro subiu ao poder em 2012 de maneira interina, ainda durante o agravamento da doença de Hugo Chávez (Pedro Rances Mattey/AFP)

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Publicado em 27 de setembro de 2024 às 09h07.

Em meio ao caos instalado no país vizinho após as eleições presidenciais realizadas no fim de julho, a situação política da Venezuela esteve no foco dos discursos de diferentes líderes internacionais durante a realização da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que reuniu chefes de Estado de todo o planeta em Nova York.

A solução para o impasse político no país, no entanto, segue distante. O secretário de Estado dos Estados Unidos, Anthony Blinken, pediu que Nicolás Maduro dialogue com a oposição. Já o presidente chileno, Gabriel Boric, disse que os esforços da comunidade internacional não têm sido suficientes para trazer uma solução que seja definitiva.

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não fez referência à situação da Venezuela em seu discurso. Na semana passada, o assessor especial Celso Amorim afirmou que o líder brasileiro não deve participar de uma solenidade de posse de Maduro, mas defendeu que o Brasil mantenha relações diplomáticas com o vizinho.

Anunciado como vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, Maduro tenta se sustentar no poder após as denúncias da oposição de que teria cometido fraude no processo eleitoral. Edmundo González, principal opositor do regime, recebeu asilo político na Espanha depois de ter a prisão decretada em seu país. Mais de 20 pessoas morreram em protestos na crise pós-eleitoral, e a oposição culpa o regime de Maduro de perseguir os manifestantes.

Considerado por muitos analistas políticos como um autocrata, Nicolás Maduro subiu ao poder em 2012 de maneira interina, ainda durante o agravamento da doença de Hugo Chávez. Com a morte do então presidente, Maduro foi eleito em 2013 para cumprir seu primeiro mandato à frente do Executivo venezuelano. Cinco anos mais tarde, ele foi reeleito em um pleito recheado de críticas pela comunidade internacional, com acusações de ter manipulado os resultados.

Durante os 14 anos em que Chávez esteve no Palácio de Miraflores, entidades internacionais como a Human Rights Watch apontaram para a redução das garantias de proteção aos direitos humanos e ataques à liberdade de imprensa. De origem militar, o antigo líder populista adicionou 12 assentos ao Supremo Tribunal. Os magistrados da corte passaram a seguir a agenda política de Chávez, em um movimento contrário ao princípio da separação de poderes.

A resolução para o impasse político em que a Venezuela se encontra depende, portanto, de uma reforma das instituições do país, que nas últimas décadas se moldaram à forma de governar de Chávez, perpetuada sob o comando de Maduro. Por outro lado, ao deliberar sobre eventuais soluções, a comunidade internacional precisa respeitar a soberania do povo venezuelano, sem deixar que interesses se sobreponham ao objetivo principal.

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