Desde o cessar-fogo, os dois países têm se declarado vencedores, a nível doméstico (MENAHEM KAHANA / Colaborador/Getty Images)
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Publicado em 26 de junho de 2025 às 18h28.
Última atualização em 26 de junho de 2025 às 19h47.
Anunciado como solução pelo presidente Donald Trump, o cessar-fogo entre Irã e Israel pode não ser suficiente para conter animosidades entre as nações por muito tempo. A avaliação é do diplomata Eduardo Gradilone, que nos últimos anos foi embaixador do Brasil em Teerã.
“É difícil uma paz duradoura. Se você tem um país com uma meta de destruir o outro, vai sempre ficar um problema latente”, analisou. “A guerra ainda está muito quente. O Trump uma hora diz uma coisa, e de repente diz outra. Sem o balizamento do direito internacional, é a lei do mais forte”, completou ele, que vê “ojeriza entre os dois regimes”.
Na avaliação de Gradilone, que se aposentou no início de 2025 após quase dois anos na capital iraniana, a nível doméstico os dois lados têm se declarado vencedores nos últimos dias, enquanto Trump tenta se colocar como grande artífice da pacificação. Uma participação brasileira na mediação, no entanto, não é considerada factível pelo diplomata, dado o atual afastamento nas relações diplomáticas entre Brasil e Israel.
“O Brasil teve participação efetiva na criação do Estado de Israel, mas hoje a relação entre as nações é muito fria, que impossibilita qualquer participação nossa na busca por um acordo”, explicou.
Brasileiros têm rota pelo Azerbaijão
Em meio à guerra, o Itamaraty decidiu antecipar em alguns dias a ida do embaixador do Brasil em Teerã, André Veras Guimarães. A previsão era que ele assumisse o posto, que está vago desde a aposentadoria de Gradilone, no próximo mês.
Na terça-feira, 24, o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad, esteve em um encontro com o chanceler Mauro Vieira, no Palácio do Itamaraty, para tratar pessoalmente da situação dos brasileiros ainda retidos em áreas de risco no Oriente Médio.
Brasileiros vindos do Irã têm atravessado com segurança a fronteira com o Azerbaijão, com apoio das autoridades locais.
“O cessar-fogo abre uma oportunidade. O embaixador do Azerbaijão informou que brasileiros cruzaram com segurança a fronteira a partir do Irã. Já existe um ponto de apoio operacional em Baku. O Itamaraty está ciente e acompanhando de perto a situação. O momento exige ação coordenada para garantir a saída segura de quem ainda está em risco”, afirmou Trad.