Presidente Lula cobrou novo entendimento do papel dos países detentores das reservas de minerais na cadeia produtiva (Adobe Stock)
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Publicado em 26 de novembro de 2025 às 00h30.
A Cúpula do G20 de Joanesburgo, na África do Sul, se encerra com um novo olhar para a agenda econômica de países emergentes. A declaração final, aprovada sem a presença dos Estados Unidos, coloca como prioridade as demandas de países do Sul Global. No coração dessa agenda está a demanda pela soberania sobre minerais estratégicos.
Para os emergentes, os debates do G20 vão além do financiamento climático, mas também para redefinir o papel dos países fornecedores no sistema global de produção. No entendimento deles, garantir o beneficiamento local desses minerais significa mais emprego qualificado e independência tecnológica — e evitar que a riqueza mineral continue a sair sem retorno social.
Segundo o Itamaraty, a declaração negociada prevê princípios para extração e beneficiamento local desses minerais, reforçando o controle nacional sobre essas riquezas. Em discurso durante participação no evento, o presidente Lula cobrou novo entendimento do papel dos países detentores das reservas de minerais na cadeia produtiva. O presidente criticou o que chamou de “dinâmica colonial” e afirmou que países ricos em insumos minerais não podem ser mais vistos como “meros fornecedores”.
“Falar sobre minerais críticos também é falar sobre soberania. A soberania não é medida pela quantidade de depósitos naturais, mas pela habilidade de transformar recursos através de políticas que tragam benefícios para a população. Precisamos de investimentos ambientalmente e socialmente responsáveis, que contribuam para fortalecer a base industrial e tecnológica dos países detentores de recursos”, acrescentou.
Detentor de 10% das reservas globais de minerais críticos, o Brasil enxerga nesta pauta uma grande oportunidade econômica. Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o país pode se posicionar como hub industrial verde, produzindo itens como componentes para baterias, semicondutores e outras tecnologias estratégicas.
Por outro lado, a transição para um G20 mais “do Sul Global” impõe desafios estruturais, como superar a dificuldade em atração de investimentos, garantir estabilidade institucional e regulatória, e desenvolver infraestrutura para o beneficiamento.
Visita oficial a Moçambique
A agenda de Lula contou também com visita oficial a Moçambique, onde recebeu título de doutor honoris causa em ciência política, desenvolvimento e cooperação internacional pela Universidade Pedagógica de Maputo. A visita oficial teve como motivação os 50 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Moçambique.
Segundo o reitor da universidade, Jorge Ferrão, mais de 30% dos quadros de alto escalão científico do país se formaram em instituições de ensino superior brasileiras, em cooperações firmadas durante os mandatos de Lula.