Esfera Brasil

Os impactos da lei antidesmatamento europeia para as commodities brasileiras

Carne, café, cacau, borracha, soja e madeira podem sofrer sanções

Legislação pode ter impacto de R$ 15 bilhões nas exportações brasileiras (Wenderson Araujo/CNA/Divulgação)

Legislação pode ter impacto de R$ 15 bilhões nas exportações brasileiras (Wenderson Araujo/CNA/Divulgação)

Esfera Brasil
Esfera Brasil

Plataforma de conteúdo

Publicado em 2 de outubro de 2024 às 12h39.

Prevista para vigorar a partir de 30 de dezembro deste ano, a lei antidesmatamento da União Europeia prevê a proibição da importação de commodities produzidas em áreas desmatadas e já representa desafios para o governo brasileiro.

Tudo se resume ao fato de o Brasil ser um grande exportador de artigos primários e também ter amplo histórico de áreas desmatadas nas últimas décadas. Segundo a agência de notícias Reuters, o governo brasileiro enviou, no início deste mês, uma carta pedindo o adiamento da aplicação da legislação. O texto foi assinado pelos ministros Carlos Fávaro, da Agricultura, e Mauro Vieira, de Relações Exteriores. Segundo o documento, a legislação, da forma como está disposta, ignora leis nacionais de combate ao desmatamento e pode ter impacto de R$ 15 bilhões nas exportações brasileiras. A demanda ainda não resultou em uma resposta frutífera.

Aprovado no Parlamento Europeu, o texto também tem enfrentado um aumento de resistência de setores ligados à direita nos países que compõem o bloco, mas tudo indica que a data de início da vigência não será alterada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Focos de eventuais sanções, carne, café, cacau, borracha, soja e madeira e seus derivados, representam mais de 30% das exportações brasileiras ao mercado europeu.

Como coibir o desmatamento

Nos últimos cinco anos, o Brasil perdeu 8.558.237 hectares de vegetação nativa, o equivalente a duas vezes o território do estado do Rio de Janeiro. Desde o ano passado, o governo brasileiro tem procurado fortalecer mecanismos para monitorar áreas e coibir o desmatamento. Fazem parte dessas medidas o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, além do Cadastro Ambiental Rural e ferramentas de rastreamento como o Sistema Brasileiro de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos.

Também está inserido nesse contexto o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, que se encontra em fase final para aprovação. Segundo analistas, uma das preocupações é que as exigências ambientais dos europeus sejam determinantes para encerrar de vez as rodadas de negociações entre os blocos, ainda que tenha havido avanços para a ratificação do documento nos últimos anos. O tratado foi assinado em 2019, mas depende de revisões técnicas e confirmação dos termos pelos parlamentos de todos os países envolvidos.

Acompanhe tudo sobre:DesmatamentoAgronegócio

Mais de Esfera Brasil

Consulta pública da AGU sobre moderação das plataformas digitais recebe 87 sugestões

Por que Trump proibiu o Banco Central dos EUA de criar uma moeda digital?

Os recados de Milei ao sistema financeiro mundial em Davos

Lei transfere recursos de fundos regionais para obras do PAC na Amazônia e no Nordeste