Fonte de geração renovável está no centro dos planos dda COP26 (Amanda Perobelli/Reuters)
O Brasil atingiu uma importante marca: ultrapassou os 14 gigawatts (GW) de potência operacional da fonte solar fotovoltaica. Isso significa que a fonte solar superou a potência da usina hidrelétrica de Itaipu. Esses são números levantados pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), que levou em consideração todas as usinas de grande porte e os sistemas de geração própria de energia elétrica, como os instalados em telhados, fachadas e pequenos terrenos.
De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), a fonte solar é a mais promissora entre as fontes de energias renováveis no mundo, e é prevista como a principal fonte da Europa em 2025 e, mais para frente, do Brasil, podendo chegar a um terço de toda a energia consumida pelos brasileiros em 2050.
A notícia traz ainda mais otimismo para um mercado que está cada vez mais consolidado no Brasil, que é o de energia renovável. Ainda de acordo com a ABSOLAR, desde 2012 foi evitada a emissão de 18 milhões de toneladas de CO2 com a geração de eletricidade através da energia solar. Desde o mesmo ano, o Brasil recebeu R$ 74,6 bilhões em investimentos, arrecadou R$ 20,9 bilhões aos cofres públicos e gerou mais de 420 mil vagas de emprego no setor.
O governo percebeu que, além de apresentar resultados sólidos, a geração de energia limpa está em expansão e deve ser incentivada tanto pelos benefícios ambientais que oferece quanto pelo potencial de mercado. No final do ano passado, uma proposta para instituir o Marco Legal da Geração Própria de Energia foi aprovada no Senado e na Câmara, tendo sido sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro em janeiro de 2022. Com esta medida, foram estabelecidas regras para os consumidores que produzem a própria energia a partir de fontes renováveis, como solar fotovoltaica, eólica, de centrais hidrelétricas e de biomassa.
Com o Marco, fica estabelecido que os consumidores que produzem a própria energia sustentável passarão a, gradativamente, pagar tarifas sobre a distribuição dessa energia. Na prática, os geradores de energia terão direito aos percentuais de subsídio à chamada Tarifa do Fio B. Essa taxa diz respeito à remuneração às distribuidoras pelo uso das suas respectivas infraestruturas elétricas. Como até então os produtores não pagavam essa tarifa, não tinham um retorno pleno de seus investimentos, algo que mudou a partir da nova regra.
O Marco, juntamente com o aumento nas tarifas de energia elétrica, faz com que o setor espere um crescimento acelerado este ano nos sistemas solares em operação no Brasil, especialmente os sistemas de geração própria solar. A expectativa é a de que a capacidade instalada no mínimo dobre, atingindo a marca de 28 MW no final deste ano.
É um passo importante na direção que o planeta pede. Iniciativas verdes são fundamentais e é preciso pensar e aplicar maneiras para que elas sejam implementadas nos mais diversos setores. No Brasil, 67% da nossa energia é gerada a partir dos rios, e especialistas pedem que novas fontes de geração sejam estruturadas, a fim de tornar este consumo mais sustentável e inteligente.
Uma prova de que o país está refém deste modelo é o grave impacto que crises hídricas exercem no dia a dia da população. Se não há chuva, podemos esperar o pior. Entre 2020 e 2021, tivemos o pior índice de água nos reservatórios dos últimos 91 anos, e a possibilidade de apagões chegou, inclusive, a ser discutida.
Temos na França um exemplo de uma organização que busca neutralizar o uso de energia de combustíveis fósseis até 2050. A ambiciosa meta estabelecida pelo presidente Emmanuel Macron conta com a ajuda da energia nuclear para ser atingida. Se em 2018, já no mandato de Macron, o país tinha o objetivo de fechar uma dúzia de usinas, no mês passado o chefe de Estado francês declarou que irá construir 14 novos reatores de energia nuclear. O presidente também havia confirmado no ano passado um investimento de mais de 1 bilhão de euros nesta tecnologia. Esta nova estratégia visa tornar a França um país neutro em emissão de carbono.