Eleito em 2013, presidente chinês tem colocado em prática plano para estimular projetos em infraestrutura (Alexander NEMENOV /AFP)
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Publicado em 29 de novembro de 2024 às 15h45.
Um conjunto de programas de investimentos chineses, principalmente na área de infraestrutura, que passa pela internacionalização de grandes grupos empresariais que financiam grandes projetos em parcerias com outras nações. Essa é a Nova Rota da Seda, iniciativa chinesa que teve início em 2013, com a ascensão de Xi Jinping.
Se no passado a rota compreendia ligações entre regiões do continente asiático que tinham interesse em adquirir a seda chinesa, como a Índia e a Pérsia, nos dias de hoje os planos são mais grandiosos, com a expansão até a América Latina. Neste mês, em visita à região que incluiu passagens pelo Brasil, para a Cúpula do G20, no Rio de Janeiro, o presidente chinês esteve no Peru, onde inaugurou o megaporto de Chancay, que deve reforçar a presença asiática e facilitar exportações de bens manufaturados produzidos no China. Para erguer a estrutura foi feito um investimento inicial de US$ 1,3 bilhão. O local conta com uma área construída composta por 15 cais, um parque industrial e armazéns.
Na última década, contratos de projetos de infraestrutura ligados à nova Rota da Seda ultrapassaram a marca de US$ 2 trilhões, dando vazão à capacidade chinesa de prover financiamento de longo prazo às empresas nacionais, com o apoio de bancos públicos e privados.
Neste período, 147 países ingressaram em projetos ou manifestaram interesse em participar da rota, o que pode resultar em investimentos que ampliem o acesso a serviços básicos, mas por outro lado, críticos apontam para o risco de endividamento de nações estrangeiras. Em 2018, o governo do Sri Lanka transferiu o controle de um porto ao governo chinês depois de não conseguir honrar a dívida com Pequim.
Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 400 milhões de pessoas vivem sem acesso à energia elétrica em todo o continente asiático. Além disso, os setores de transportes e telecomunicações dependem de investimentos para atender a crescente demanda. Esses setores guardariam, portanto, oportunidades para a Nova Rota da Seda.
No início do ano, o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, defendeu a união entre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), relançado neste terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, e a Nova Rota da Seda. Na visão dele, as parcerias entre as nações passam pela soja e pela exploração espacial, e uma união seria oportuna para promover maior abertura nas relações comerciais entre os países. A visão não é compartilhada pela diplomacia brasileira, que crê que uma adesão formal ao projeto chinês poderia causar ruídos na interlocução com os Estados Unidos.