Ministério da Infraestrutura lança novo Plano Nacional de Logística. (Stephen Simpson/Getty Images)
Os investimentos do Brasil em infraestrutura têm registrado queda nos últimos anos. De acordo com uma estimativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o país investiu apenas 1,57% do PIB em infraestrutura no ano passado, o menor percentual dos 11 anos da série histórica. Especialistas dizem que o aporte não é suficiente nem para garantir a manutenção dos projetos do setor que já existem.
Em entrevista ao jornal O Globo, o economista da CNI Matheus de Castro disse que para chegar ao aporte necessário, é preciso expandir os investimentos feitos pela iniciativa privada e pelo governo. "Deveríamos investir pelo menos R$ 200 bilhões ao ano para evitar a depreciação da infraestrutura que já existe hoje. Para expandir, precisaríamos de 4% do PIB ao ano para que, em meados do século, tivéssemos um nível de estoque de infraestrutura suficiente para nossas necessidades", explicou Castro.
De acordo com o economista, o orçamento do Ministério da Infraestrutura para este ano é o menor desde 2001. Estudos apontam para a necessidade de se investir, ao menos, 4,3% do PIB, ao longo dos próximos 10 anos, para o país reduzir gargalos ao desenvolvimento econômico e social. Para a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), a regra do teto de gastos (que limita as despesas do governo) não deve se aplicar a investimentos em infraestrutura.
A estratégia do governo parece ser incentivar o investimento privado no setor. O Ministério da Infraestrutura diz que, para este ano, “estão previstas concessões de 43 ativos, totalizando ao menos R$ 160,8 bilhões em investimentos.”
Ao jornal O Globo, Marcus Quintella, diretor do centro de estudos FGV Transportes, afirmou que o país precisaria elevar a 5% do PIB, por 25 anos, os investimentos, a fim de ter uma estrutura de transporte adequada. "As tentativas de passagem de ativos para a iniciativa privada têm limitações, porque só o setor privado não vai desenvolver a estrutura do país. Em nenhum lugar do mundo isso ocorreu. Alemanha, Espanha, Inglaterra, fizeram e fazem investimentos públicos pesados", concluiu o especialista.