Nações do G20 querem planejamento estratégico para política energética, mas texto final destaca peso das “circunstâncias nacionais” (Crédito/Divulgação)
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Publicado em 27 de novembro de 2024 às 17h57.
Na declaração final do G20, líderes internacionais deixaram clara a intenção de triplicar a capacidade de energia renovável globalmente até 2030 e duplicar a eficiência energética por meio de metas e políticas que apoiem tecnologias de emissão zero de dióxido de carbono. No entanto, a descarbonização deverá permanecer como grande desafio para a comunidade global nos próximos anos.
Além de serem responsáveis por 85% do PIB global, as nações do G20 são grandes emissoras de gases poluentes. No documento divulgado na Cúpula de Líderes realizada no Rio de Janeiro, os países destacam o planejamento energético e cooperação entre diferentes níveis de governo como pontos fundamentais para atrair investimentos, mas não projetam um prazo final para a utilização de combustíveis fósseis, em uma posição que, segundo analistas, resguarda a posição de grandes produtores de petróleo como Arábia Saudita e Rússia.
“Nós enfatizamos o papel crucial de abordagens tecnologicamente neutras, integradas e inclusivas para desenvolver e implantar uma variedade de energias de baixas emissões, combustíveis e tecnologias sustentáveis, incluindo para redução e remoção, gerenciamento de carbono e redução de emissões, com o objetivo de criar escala e mercados globais para acelerar as transições energéticas, especialmente nos setores de difícil redução de emissões. Nós incentivamos, quando apropriado, o uso de metodologias e padrões mutuamente reconhecidos para avaliar as emissões de gases de efeito estufa”, diz trecho da declaração final, que também destaca o peso das “circunstâncias nacionais” na definição de diretrizes de política energética das nações.
Durante o G20, o Ministério de Minas e Energia aproveitou a presença da delegação argentina para assinar acordo para viabilizar a importação de gás natural a partir da reserva de Vaca Muerta, região ao norte da Patagônia. O ministro Alexandre Silveira, responsável pela pasta, tem defendido que o Brasil siga apostando na exploração de combustíveis fósseis como forma de financiar a transição energética, em um ponto de vista que não tem encontrado convergência entre alas ligadas ao Ministério do Meio Ambiente.
No memorando de entendimento sobre Vaca Muerta, representantes do Brasil e Argentina se comprometeram a promover estudos de viabilidade econômica das rotas logísticas, considerando a possível expansão da infraestrutura atual. O objetivo é viabilizar a movimentação de dois milhões de metros cúbicos por dia no curto prazo, aumentando nos próximos três anos para dez milhões, até atingir 30 milhões em 2030.
“Essa é uma importante entrega do programa Gás Para Empregar, que criamos com o objetivo de aumentar a oferta de gás natural e promover a reindustrialização do País. Ao concretizar a importação do gás de Vaca Muerta, estamos fortalecendo o desenvolvimento das indústrias de fertilizantes, vidro, cerâmica, petroquímicos e tantas outras que trazem desenvolvimento econômico ao Brasil. Teremos mais gás, e junto com ele mais emprego, renda e riqueza para brasileiras e brasileiros”, afirmou Silveira na ocasião.