(Bússola/Reprodução)
Um estudo inédito feito por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) trouxe à tona um panorama da educação infantil brasileira. O levantamento 'Avaliação da Qualidade da Educação Infantil' visitou, em 2021, cerca de 3,5 mil turmas de creche e pré-escola em 12 cidades de todas as regiões brasileiras e mostrou que de 10% a 15% das classes analisadas estão em nível crítico, que em alguma dimensão viola o direito da criança.
A pesquisa - realizada pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (Lepes), vinculado à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP - adotou como referência de qualidade as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular, que norteia as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas. Foram avaliadas a qualidade da infraestrutura das unidades educacionais, alimentação, condições de segurança e as práticas pedagógicas. As turmas se enquadram no nível crítico por alguns motivos: adoção de agressão verbal ou física por parte dos adultos, não oferece segurança necessária ou por insalubridade, por exemplo.
Um dos coordenadores da pesquisa, o professor Daniel Santos destaca que um dado relevante é de que cerca de metade das turmas avaliadas não praticam a contação de história em sala e o brincar livre, dois métodos importantes para a aprendizagem infantil. "O brincar não é só um direito da criança, mas brincar é a forma mais eficaz de uma criança aprender. Quando ela brinca, ela socializa, ela experimenta, ela se envolve com o mundo letrado", disse Santos em entrevista à Rádio USP.
Ainda de acordo com o professor, o estudo mostra um panorama importante sobre a implementação da Base Nacional Comum Curricular e traz dados que podem ajudar a melhorar a capacitação de educadores, direcionando a orientação de como os adultos devem interagir com as crianças. “A pesquisa inspira a comunidade prática, pois cria a necessidade de que professores que fazem práticas consideradas de qualidade possam transmitir isso para os outros professores da rede”, conclui.