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Entre avanços na política fiscal e crise com cripto, Milei vai do céu ao inferno na Argentina

Visto como outsider, líder do país vizinho foi a público se justificar sobre episódio envolvendo criação de ativo virtual

Entre as conquistas do presidente argentino neste primeiro ano está uma melhoria significativa no perfil de risco do país, cujo índice caiu de 2.601 para 752 pontos (Presidência da Argentina/AFP)

Entre as conquistas do presidente argentino neste primeiro ano está uma melhoria significativa no perfil de risco do país, cujo índice caiu de 2.601 para 752 pontos (Presidência da Argentina/AFP)

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Publicado em 19 de fevereiro de 2025 às 07h00.

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Pouco mais de um ano depois de assumir a Casa Rosada e levar adiante uma agenda de austeridade com foco na redução do gasto público e controle da inflação, o presidente da Argentina, Javier Milei, se depara com uma crise de grandes proporções envolvendo criptoativos.

Presidente e funcionários públicos são suspeitos de práticas irregulares envolvendo a criação de uma moeda virtual que Milei anunciou em uma postagem nas redes sociais e que seria direcionada a apoiar pequenos empreendedores argentinos. O ativo digital se valorizou assim que o presidente argentino tornou público seu apoio, e os detentores da moeda começaram a vendê-la, alcançando lucros altíssimos. Na noite de segunda-feira, 17, o líder libertário se pronunciou em uma entrevista transmitida para todo o país e se defendeu das acusações.

“Não fiz nada de mau. Sou um superentusiasta da tecnologia e, diante da possibilidade de uma ferramenta para [supostamente] financiar projetos de empreendedores [argentinos], eu decidi difundi-la”, afirmou. 

“É falso que 44 mil pessoas tenham sido prejudicadas. Havia, entre elas, muitos robôs e, no melhor dos casos, se trata de nada mais que cinco mil pessoas. E, com isso, eu seguramente diria que a chance de haver argentinos entre eles é muito remota. A maioria [dos que perderam dinheiro com o investimento] é estadunidense e chinesa”, comentou o presidente argentino, classificando o ocorrido como “um problema entre privados [particulares]”. 

Experiência liberal

Com inflação galopante e desvalorização excessiva da moeda nacional, o povo argentino tem convivido há décadas com uma crise econômica generalizada, principalmente pela corrosão do poder de compra dos salários, independentemente do governo de plantão.

Ao sair vencedor de um processo eleitoral cujo principal adversário era o ex-ministro da Economia Sergio Massa, apoiado pelo incumbente Alberto Fernández, o então outsider Milei reduziu o número de ministros e pareceu disposto a colocar em prática uma agenda de corte de gastos públicos e desregulamentações em diferentes setores da economia.

Olhando para 2025, o governo está determinado a garantir um excedente no resultado primário e deverá trabalhar para equilibrar o rigor fiscal e a crescente pressão pela elevação de gastos com foco em programas sociais, como forma de conter o avanço da pobreza. Segundo relatório divulgado pela consultoria Prospectiva, entre as conquistas do presidente argentino neste primeiro ano está uma melhoria significativa no perfil de risco do país, cujo índice caiu de 2.601 para 752 pontos. Entre as medidas implementadas por Milei que colaboraram para esse cenário está o plano de anistia fiscal, colocado em prática para atrair para a economia argentina os dólares que seus cidadãos mantêm fora do sistema bancário, e a quitação de débitos com credores estrangeiros.

Acompanhe tudo sobre:Javier Milei

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