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Entenda o cenário político do Congo, país onde a embaixada brasileira foi invadida          

Há décadas a República Democrática do Congo sofre com a violência provocada por grupos milicianos que dominam o leste do país

Em nota, o Itamaraty expressou grande preocupação com a “deterioração da situação humanitária” no Congo (Itamaraty (Divulgação))

Em nota, o Itamaraty expressou grande preocupação com a “deterioração da situação humanitária” no Congo (Itamaraty (Divulgação))

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Publicado em 6 de fevereiro de 2025 às 16h58.

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Uma multidão invadiu a embaixada do Brasil em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo (RDC), no último dia 28. Em meio ao cenário político turbulento do país, outras embaixadas também foram atacadas por pessoas que se manifestavam contra o avanço do grupo rebelde M23 no leste do território nacional.

Ministério das Relações Exteriores expressou, em nota, grande preocupação com a “deterioração da situação humanitária e a perpetração de violência contra a população e infraestrutura civis” no país, e recomendou que brasileiros residentes, em trânsito ou com viagem marcada para a RDC “mantenham-se informados sobre a segurança nas áreas onde se encontram” e “evitem aglomerações”.

Informações da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que o M23 conta com o apoio de 4 mil soldados ruandeses. A região leste da RDC, onde está situada a fronteira com Ruanda, é controlada pela milícia.

Contexto histórico

Essa parte do território é dominada por diferentes grupos rebeldes decorrentes de duas guerras regionais após o genocídio de Ruanda, em 1994. O leste da República Democrática do Congo é uma área rica em recursos naturais como ouro, estanho e tântalo, utilizados na produção de baterias e aparelhos eletrônicos. Enquanto o governo congolês acusa o país vizinho de tentar saquear os recursos, Ruanda nega, afirmando que deseja erradicar os grupos armados da região para garantir sua segurança. 

O M23 é um dos movimentos mais notáveis, liderado por tutsis – grupo étnico que foi alvo do genocídio de 1994 – contrários ao governo da RDC. O nome da organização se refere ao acordo de 23 de março de 2009, que encerrou uma revolta liderada por tutsis também no leste do país.

A violência causada por milícias assola a República Democrática do Congo há décadas. Mais recentemente, a partir do início de 2025, os rebeldes tomaram novos territórios e chegaram à cidade de Goma, provocando a fuga em massa da população. Um balanço feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e parceiros, divulgado no dia 31 de janeiro pela ONU, mostrou que ao menos 700 pessoas morreram e 2.800 ficaram feridas desde que os confrontos se intensificaram no país.

Cessar-fogo

O M23 anunciou um cessar-fogo unilateral valendo a partir da última terça-feira, 4, enquanto aguarda as negociações previstas para o próximo fim de semana. Em um comunicado divulgado no dia anterior, o grupo disse que tomou a decisão por "razões humanitárias".

As negociações em questão serão feitas durante uma cúpula regional na Tanzânia, que deve contar com a presença dos presidentes da RDC, Felix Tshisekedi, e de Ruanda, Paul Kagame. Os líderes não compareceram às últimas negociações que tentaram intermediar um acordo de paz.

Na última semana, Tshisekedi prometeu “uma resposta vigorosa e coordenada” contra o M23, descrevendo a milícia como um “fantoche” de Ruanda. Em resposta, o presidente ruandês alegou que “não tinha conhecimento de que as tropas de seu país estavam no leste da RDC”.

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