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Empresas precisam investir na empregabilidade de jovens

Iniciativas visam criar oportunidades de formação profissional para uma das faixas etárias que mais sofrem com o desemprego no país

Foto: Keiny Andrade (Keiny Andrade/ Fundação Bunge/Divulgação)

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Publicado em 22 de fevereiro de 2023 às 09h30.

Última atualização em 22 de fevereiro de 2023 às 14h01.

O desemprego se configura como um dos principais desafios brasileiros na atualidade. Segundo dados do terceiro trimestre de 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desemprego no país é de 8,7%. Ao todo, 9,5 milhões de brasileiros estão desempregados e 4,3 milhões estão desalentados, ou seja, gostariam de trabalhar, mas não procuram emprego por acreditar que não encontrariam.

A falta de trabalho atinge principalmente os jovens. De acordo com o IBGE, 34,9% das pessoas que têm entre 25 e 39 anos estão desocupadas, assim como 30,3% entre 18 a 24 anos.

Além de não trabalhar, uma porcentagem alta desses jovens também não estuda. De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico), 15% dos brasileiros de 15 a 29 anos, o que equivale a 7,6 milhões de pessoas, não frequentam a escola formal ou trabalham e nem procuram emprego. São os chamados jovens nem-nem-nem.

Impedir a evasão escolar e criar oportunidades de trabalho para essa faixa etária será uma das grandes missões do novo governo, por meio do Ministério da Educação e do Ministério do Trabalho e Emprego.

Mais do que um desafio governamental, a questão também passa pelo sério engajamento das empresas no desenvolvimento de futuros colaboradores, segundo a diretora-executiva da Fundação Bunge, Cláudia Buzzette Calais.

“Durante décadas, o mercado de trabalho funcionou, essencialmente, como uma via de mão única: as empresas selecionavam e contratavam profissionais prontos, com todas as qualificações necessárias para exercer determinada função. Cabia ao profissional adquirir as habilidades e conhecimentos exigidos pelos empregadores”, explica Cláudia.

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Hoje, com a aceleração das transformações econômicas na era digital, esse modelo se torna obsoleto, segundo a executiva. “As instituições privadas também precisam ter papel ativo nos processos de melhoria social”, afirma.

Segredo é aliar aptidão e interesse com demanda do mercado de trabalho

Mas como ter papel ativo nesse processo? Segundo o manifesto “Educação profissional, técnica, competitividade e desenvolvimento: uma agenda para o Brasil”, produzido pelo Movimento Brasil Mais Competitivo, é preciso que a qualificação da mão de obra esteja inserida em uma estratégia de potencialização de determinadas vocações e que a oferta de cursos técnicos e profissionalizantes seja direcionada às necessidades atuais e potenciais daquela localidade, mediante um processo de mapeamento da demanda que envolva os empresários e entidades representativas locais, além da própria juventude.

Um dos exemplos de curso é o De Grão em Pão, oferecido pela Fundação Bunge para jovens da periferia da Grande São Paulo. O objetivo do projeto, iniciado em 2022, é identificar jovens de 18 a 29 anos com aptidão ou interesse em panificação, confeitaria e culinária e oferecer um curso profissional completo, com professores como o premiado chef pâtisserie, Luiz Farias.

“Um dos grandes gargalos do setor de panificação é justamente mão de obra qualificada. De acordo com o sindicato Sampapão, existem mais de 10 mil vagas em aberto para trabalhar em padarias da Grande São Paulo, com uma média salarial de R$ 2,5 mil. Juntamos diversos parceiros para formar mão de obra e ajudar na empregabilidade de jovens, em uma parceria com o sindicato”, conta Calais.

Os primeiros alunos do projeto se formam em 15 de fevereiro e todos estão convidados a trabalhar em panificadoras e confeitarias. “O projeto deu tão certo que vamos abrir duas novas turmas em São Paulo, uma turma no Rio de Janeiro e em Recife no segundo semestre”, afirma a executiva.

Tecnologia e programação

A Fundação Bunge também atua na formação de mão de obra para trabalhar no mercado de tecnologia e programação, com o projeto Redes DigitALL. “Tivemos mais de 700 inscrições para participar. Fizemos uma seleção cuidadosa para inclusão, principalmente de mulheres e negros. As aulas se iniciaram em dezembro de 2022 e a expectativa é que, quando formados, em março deste ano, os 211 alunos estejam todos empregados”, afirma Cláudia.

Segundo estudo realizado pela Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais), até 2025 o Brasil vai precisar de 797 mil profissionais de tecnologia. Atualmente, o país forma 53 mil técnicos por ano na área. Os especialistas avaliam que, daqui a dois anos, o Brasil terá déficit de 530 mil profissionais no setor.

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