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Empresários e artistas se reúnem para arrecadar R$ 2 milhões para o Hospital Cruz Verde

Instituição médica de longa permanência atende quase 200 pacientes com paralisia cerebral grave; apenas 65% das despesas são custeadas pelo SUS

Instituição depende de doações e eventos beneficentes para complementar a renda e ser capaz de manter os atendimentos com qualidade. (Hospital Cruz Verde/Divulgação)

Instituição depende de doações e eventos beneficentes para complementar a renda e ser capaz de manter os atendimentos com qualidade. (Hospital Cruz Verde/Divulgação)

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Publicado em 14 de setembro de 2023 às 07h00.

O Hospital Cruz Verde, na zona sul de São Paulo, é uma instituição de referência no tratamento da paralisia cerebral grave no Brasil. Fundado há 64 anos, o centro médico tem 65% das despesas pagas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas, para manter as atividades para 187 pacientes, a entidade conta com recursos provenientes de doações e eventos beneficentes.

Segundo o presidente voluntário do Hospital Cruz Verde, Flavio Padovan, a instituição tem hoje 16 médicos e 140 enfermeiros e técnicos de enfermagem. No total, são 280 funcionários que trabalham em três turnos. Os pacientes são pessoas cadeirantes e dependentes de cuidados 24 horas por dia.

“A maioria dos pacientes é abandonada pelas famílias por algumas razões, principalmente porque é muito difícil cuidar do paciente com paralisia cerebral grave. Eles dependem 100% de assistência, desde escovar os dentes até alimentação e banho. Nós temos bebês, crianças, jovens – uns 70% – e adultos – 30% –, porque é um hospital de longa permanência. Como eles não têm chance de ser curados, acabam ficando. É o lar deles”, explica.

No próximo dia 20, empresários e artistas participam do 14º Leilão Beneficente - Arte Moderna, Contemporânea e Vinhos. O objetivo do evento é reunir recursos para que o hospital possa manter os atendimentos, as salas de reabilitação, o consultório odontológico e a piscina aquecida para fisioterapias.

De acordo com o conselheiro do hospital há 15 anos e responsável pela organização do leilão, Fabio Fronterotta, serão leiloados 40 itens, sendo 32 obras de arte contemporâneas doadas por artistas e galeristas, além de vinhos especiais e experiências, como um violão assinado pelo músico Toquinho.

“O leilão acontece ano sim, ano não. A gente procura galerias, que convidam artistas. Eles cedem obras para serem leiloadas, e todo o valor arrecadado é em prol do hospital. A gente também tem o sócio-amigo, em que a pessoa paga de R$ 500 a R$ 5.000 mensais e ‘adota’ um paciente. É uma outra forma de arrecadar para complementar a renda do hospital”, diz o conselheiro.

Segundo Bruno Setubal, presidente do Conselho Consultivo do Hospital Cruz Verde, “a seleção de obras de arte está incrível, temos esculturas também, uma curadoria superbacana, com obras muito legais. Vai ser uma noite especial”.

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Leilão

O 14º Leilão Beneficente do Hospital Cruz Verde vai reunir 250 pessoas no restaurante Iulia, no Jockey Club de São Paulo, a partir das 19h, com coquetel e jantar. Os ingressos foram vendidos a R$ 1.000. É possível acompanhar o leilão online e dar lances pelo site iarremate.com.

No acervo, estão telas dos artistas Vik Muniz, irmãos Campana, Saint Clair Cemin e Artur Lescher. Flavio Padovan espera arrecadar cerca de R$ 2 milhões, para continuar com os atendimentos totalmente gratuitos da instituição.

“Os recursos cobrem 65%. O restante, 35%, temos que correr atrás. A gente tem vários tipos de ajuda: leilões, ações, shows com artistas, bazar, também verbas parlamentares. A nossa luta é para manter o hospital com as finanças equilibradas e poder proporcionar um tratamento de qualidade aos pacientes”, conta o presidente do hospital.

Bruno Setubal lembra que o leilão surgiu já vinculado ao centro médico. “Esse leilão nasceu pelo hospital. Era um leilão menor, feito no Bourbon Street, de agradecimento aos parceiros. Mas há quatro edições acontece no Jockey, num formato diferente, com jantar, chef e ingressos, elevando o nível do público e do evento. No último leilão, chegamos a R$ 1,7 milhão”, destaca.

O Conselho Consultivo do Hospital reúne cerca de 30 empresários, que são essenciais ao funcionamento da entidade, com doações, compra de cotas de patrocínio e participação nos leilões.

Cruz Verde

O hospital oferece assistência completa, o que inclui alimentação com dietas específicas, medicamentos, vestuário, instalações e equipamentos adaptados. Os pacientes têm acesso a uma equipe multidisciplinar composta por neuropediatras, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, fonoaudiólogos e professores especializados. Devido às condições dos pacientes, a permanência no hospital, em geral, se estende até o fim da vida.

“Temos o ambulatório, mas o hospital é a casa dos pacientes. Infelizmente, só saem de lá com o óbito. É uma casa de tratamento, de repouso e de melhor vida a eles. É um trabalho muito sério”, afirma Setubal.

Ao contrário do que se imagina, a paralisia cerebral afeta mais os membros e a parte motora dos pacientes do que o intelecto. Mas há diferentes níveis de lesão: das mais simples às mais incapacitantes.

“Tem um advogado que nos ajuda voluntariamente que tem paralisia cerebral, com atrofia dos membros superiores. Ele anda com dificuldade, mas tem o intelecto totalmente preservado. Há casos de uma vida vegetativa. Nós conseguimos que uma paciente de 14 anos fosse estudar em uma escola normal, e as melhores notas da sala são dela”, relata Padovan.

A paralisia cerebral tem diferentes causas, mas é provocada pela falta de oxigênio no cérebro. A maioria dos casos ocorre durante o parto, mas pode acontecer em uma cirurgia com anestesia, por exemplo. Segundo o presidente do hospital, é crescente também a ocorrência da doença quando as gestantes fazem uso de drogas.

A Cruz Verde conta com a ajuda de 50 voluntários e tem uma parceria com a Prefeitura de São Paulo para que os pacientes façam atividades lúdicas. É também um centro de pesquisa científica e educação. Em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade São Caetano do Sul, pretende aprofundar os estudos em doenças raras e sobre como atuar na prevenção.

“Temos muito conhecimento acumulado dentro do hospital e em como tratar pacientes que são 100% dependentes. Nosso corpo clínico tem muitas técnicas para ensinar a outras instituições e profissionais que se interessam em aprender. Esse vai ser um passo muito importante para o nosso hospital”, ressalta o presidente da Cruz Verde.

Os interessados em conhecer a instituição e fazer doações podem entrar em contato pelo site: cruzverde.org.br.

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