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Em 2007, havia o desejo de se promover, com a ajuda da iniciativa privada, um choque de gestão em Minas Gerais. Antônio Anastasia era uma espécie de supersecretário de governo, um COO da gestão pública mineira, e coube a ele contatar Nicola Calicchio, que comandava a renomada consultoria McKinsey, para contribuir na área da educação.
Nicola foi apresentado a Vanessa Guimarães Pinto, então secretária de educação mineira, e cética quanto à capacidade da iniciativa privada de ajudar no desafio.
Vanessa a princípio torceu o nariz, mas por profissionalismo decidiu colaborar com a equipe de consultores da McKinsey, e após dois meses um diagnóstico sobre a situação da educação pública no Estado foi apresentado ao Governador e Vice-Governador do Estado.
A partir dessa minuciosa análise promovida sobre os alunos do ensino fundamental, implementou-se em Minas Gerais, sob a liderança da Secretária Vanessa e com o apoio da equipe da McKinsey, o chamado Programa de Intervenção Pedagógica (PIP). Diante das altíssimas taxas de analfabetismo, estabeleceu-se a Educação Básica como prioridade na gestão de políticas públicas do Estado, pois lacunas de aprendizado nesse ciclo tornam-se irrecuperáveis no futuro.
As circunstâncias até então não eram nada boas. Conforme explicitado no Boletim de Resultados do Proalfa, 2006, constatou-se que 49% dos alunos do 3o ano do ciclo de alfabetização estavam no nível recomendável de leitura e escrita, 21% encontravam-se no nível intermediário e 31% dos alunos situavam-se abaixo do nível esperado de desempenho. A avaliação do Proalfa identifica os níveis de aprendizagem em relação à leitura e à escrita dos alunos de Minas Gerais.
Estabeleceram-se metas dentro da realidade de cada escola, levando em consideração as diferenças existentes entre elas. O objetivo principal era engajar e mobilizar os profissionais da Educação em torno de um sonho: que todos os alunos até 8 anos, matriculados em escolas públicas, estejam plenamente alfabetizados.
Uma equipe de 50 supervisores pedagógicos foi mobilizada para difundir esse sonho nas escolas em todas as regiões administrativas do Estado. A equipe passou a dedicar duas semanas por mês a visitas às Regionais de Ensino e às escolas em situação crítica. Os objetivos específicos do trabalho eram, em primeiro lugar, capacitar às equipes regionais; em segundo lugar, disseminar os conceitos-chave da alfabetização e da avaliação, favorecendo apropriação de resultados pelas escolas. Por último, buscavam acompanhar o trabalho das escolas, captando suas necessidades e dificuldades e utilizando tais informações na adaptação e no desenvolvimento de novas políticas.
Algumas ferramentas e materiais eram indispensáveis à realização do programa. Procedeu- se ao mapeamento de boas práticas pedagógicas já existentes nas escolas de Minas Gerais, ou seja, aquelas que obtiveram bons resultados, e foram elaborados e entregues Guias do Professor Alfabetizador, para serem utilizados em salas de aula, visando melhorar a didática.
O grande desafio era criar uma estrutura de suporte aos professores dos três primeiros anos do Ensino Fundamental e convencê-los a usar um sistema de ensino padronizado e tradicional. Era essencial a padronização da didática, até mesmo para a avaliação dos resultados e identificação de problemas.
Toda criança lendo e escrevendo aos 8 anos de idade. Um sonho ousado. O Programa de Intervenção Pedagógica de Minas Gerais gerou resultados tão impressionantes que até hoje é apontado como case de sucesso em políticas públicas. Se em 2006, de acordo com os dados do Proalfa, a proficiência média dos alunos de terceiro ano do ensino fundamental da rede estadual de ensino era de 494,0, em 2011 saltou para 603,8.
Ainda há um longo caminho a percorrer, mas o compartilhamento de experiências bem- sucedidas das escolas do estado amplia as possibilidades de conquista na busca por qualidade de ensino. O PIP foi um marco importante na educação pública mineira e aponta para um crescimento no desempenho dos alunos do ciclo inicial de alfabetização.