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O vulcão extinto que pode ter sido o ponto de descoberta do Brasil

Local da descoberta é atribuído há séculos ao Monte Pascoal, na Bahia. Hoje, historiadores contestam versão da história

Caravela portuguesa navega no mar em 1500, em reconstituição (MR1805/Thinkstock)

Caravela portuguesa navega no mar em 1500, em reconstituição (MR1805/Thinkstock)

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EFE

Publicado em 13 de maio de 2018 às 10h46.

Angicos (Brasil) - Vários historiadores e investigadores afirmam que o pico do Cabuji, o único vulcão extinto no Brasil que conserva sua forma original, foi o ponto que os primeiros portugueses que chegaram ao país avistaram em 1500, um fato que por séculos é atribuído ao Monte Pascoal, na Bahia.

Localizado perto do litoral de Rio Grande do Norte, no extremo nordeste do país, o pico do Cabuji é o único dos vários vulcões inativos que mantém sua forma intacta e seu nome se tornou mais conhecido no país atualmente por conta dessa reivindicação histórica.

O primeiro a levantar essa hipótese foi o pesquisador Lenine Barros Pinto, professor da Universidade Federal de Rio Grande do Norte, que publicou em 2012 o livro "Reinvenção do Descobrimento", no qual afirma que Cabuji é o Monte Pascoal e que o município vizinho de Touros corresponde à cidade de Porto Seguro.

Apesar das teorias que indicam que o português Duarte Pacheco Pereira avistou, sem tocar terra, o que hoje é o Brasil em 1498, e o espanhol Vicente Yáñez Pinzón teria chegado à costa de Pernambuco em 26 de janeiro de 1500, o descobrimento é atribuído a Pedro Álvares Cabral em 22 de abril daquele mesmo ano.

Pedro Álvares Cabral era um dos comandantes da expedição portuguesa de Vasco da Gama que buscava uma rota diferente para chegar à Índia, circundando o continente africano, e, de acordo com os relatos históricos, avistou primeiro o Monte Pascoal e depois desembarcou onde hoje fica a cidade de Porto Seguro.

O engenheiro civil e investigador Manuel Oliveira Cavalcanti, que acaba de publicar "1500: de Portugal ao saliente Potiguar", um livro que recolhe os estudos feitos pelo próprio autor em sua viagem ao país europeu para conhecer mais detalhes da "Carta do Descobrimento", o documento oficial português sobre o Brasil.

"Há uma tese de um historiador de que o descobrimento do Brasil foi no Rio Grande do Norte e essa tese foi meu ponto de partida", disse à Agência Efe Oliveira Cavalcanti, que recopilou o trabalho de Barros Pinto e reforçou a teoria com mais dados baseados na interpretação dos relatos dos portugueses.

De acordo com Oliveira Cavalcanti, "há novos fatos, novas evidências e o livro mostra isso, que o Brasil foi descoberto no Rio Grande do Norte. Foram dois anos de pesquisa", frisou.

"Estive em Portugal, na Torre do Tombo, e averiguei dezenas e dezenas de livros, analisei as correntes marítimas, a plataforma continental, as correntes aéreas, e por aí segue todo o trabalho para demonstrar essa teoria", indicou o engenheiro civil.

Pinto, Cavalcanti e outros pesquisadores também se basearam em uma expedição conjunta realizada entre os governos de Brasil e Portugal para a celebração dos 500 anos do descobrimento, no qual os navegantes utilizaram a rota, condições e equipamentos similares aos empregados por Pedro Álvares Cabral.

Para chegar em 22 de abril de 2000 à Bahia, a expedição precisou de um motor auxiliar mais potente, pois, nas mesmas condições de 1500, só conseguiriam chegar a solo brasileiro, naquela data, na cidade de Touros.

Com coordenadas de 5° 42' 22" S 36° 19' 15" O e uma altitude de 590 metros, o pico do Cabuji, cujo nome significa "peito de moça" em tupi-guarani, também é chamado de Serrote da Itaretama, que nessa mesma língua indígena se traduz como "serra de muitas pedras".

O pico faz parte do Parque Ecológico Cabugi, uma extensa área de preservação monitorada pelo governo estadual e que conta cada vez mais com turistas, nacionais e estrangeiros, que buscam uma opção de aventura diferente da oferecida pelas praias paradisíacas da região.

No dia 22 de abril, durante a celebração dos 518 anos do descobrimento do Brasil por parte dos portugueses, a teoria voltou a ganhar força e várias reportagens na mídia impressa e televisiva dedicaram seu espaço a essa reivindicação histórica que está sendo cogitada depois de cinco séculos.

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