Bandeira da Grécia: hoje, o governo de Atenas garantiu que "isso não corresponde à realidade" (John Kolesidis/Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de junho de 2015 às 20h40.
Bruxelas - A zona do euro estuda a possibilidade de um "default" grego, se as negociações entre Atenas e seus credores não forem concluídas nos próximos dias, o que impediria o país, com os cofres vazios, de honrar um empréstimo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) este mês.
Diante dessa possibilidade, a Bolsa de Atenas despencou, caindo 6% pouco antes do fechamento.
"Temos de avaliar todas as possibilidades, mas espero que as autoridades gregas avaliem a situação", justificou o ministro lituano das Finanças, Rimantas Sadzius, confirmando que essa hipótese foi posta sobre a mesa.
"Um 'default' (grego) está em estudo", mas não é o mesmo que uma "Grexit", termo com que se evoca uma eventual saída da Grécia da zona do euro, desconversou uma fonte europeia consultada pela AFP.
"É para se preparar para o pior dos cenários. Os Estados-membros queriam ter uma ideia" se este for o caso, confirmou outra fonte próxima das negociações.
Esta possibilidade foi estudada, nesta quinta e sexta-feira, em Bratislava (Eslováquia), em uma reunião preparatória do encontro, na próxima semana, de ministros das Finanças da zona do euro em Luxemburgo.
Hoje, o governo de Atenas garantiu que "isso não corresponde à realidade" e anunciou que uma delegação de representantes do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, viaja neste sábado para Bruxelas com "contrapropostas". O objetivo é tentar destravar as negociações.
Em 30 de junho, a Grécia deve pagar ao FMI 1,6 bilhão de euros e ainda há dúvidas sobre a capacidade financeira do país de fazer frente a este vencimento sem a liberação da parcela de ajuda financeira de 7,2 bilhões de euros. Há meses, os credores bloqueiam esse montante diante da resistência do governo grego de realizar as reformas exigidas há quatro meses.
Entre os pontos difíceis da negociação estão a reforma das aposentadorias, o aumento de 23% do IVA sobre a energia elétrica e o nível do excedente primário.
Mas Atenas, cujo plano de ajuda expira em 30 de junho, quer garantir um financiamento para além desta data, particularmente um acesso aos fundos não utilizados, como o destinado aos bancos (€ 10,9 bilhões). As autoridades gregas também querem um compromisso dos credores para falar da reestruturação da dívida, que este ano se situará em torno de 180%.
De imediato, os credores se concentram unicamente no desembolso retido da parcela de ajuda e nas condições para desbloqueá-lo.
"As condições técnicas prévias de um acordo estão sobre a mesa", afirmou o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, que constatou "bastante progresso" nas discussões.
Mensagem dúbia
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, reuniu-se em Bruxelas com a chanceler alemã, Angela Merkel, e com o presidente francês, François Hollande. Na quinta-feira, ele se reuniu com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que atua como mediador.
Mas Bruxelas sente que o Executivo grego passa uma mensagem dúbia.
"Toda vez, a realidade encorajadora dos trabalhos técnicos está em descompasso com as declarações e posturas políticas, forçosamente mais duras", avaliou uma fonte que acompanha as negociações.
Estas intermináveis negociações parecem ter irritado os alemães, segundo uma pesquisa de opinião publicada nesta sexta-feira. Pela primeira vez, por estreita maioria, 51% se disseram favoráveis a que a Grécia deixe a zona do euro.
Para os credores, a bola está no campo da Grécia, que deve aceitar novas concessões, embora sejam difíceis de instaurar em um país afetado pelo desemprego e as políticas de austeridade. Em Atenas, espera-se que o "gesto decisivo" venha de quem empresta.
Parece que há novas medidas de austeridade em estudo, mas nenhuma proposta formal foi feita. "Não vimos nada. O que esperamos é que a Grécia apresente contrapropostas sólidas e confiáveis", afirmou uma fonte conhecedora das negociações.
"A ideia é que haja um acordo antes da quinta-feira (...) Se os gregos trabalharem neste fim de semana e enviarem uma proposta na segunda-feira, pode funcionar. Se enviarem uma proposta na quarta-feira (...), será muito mais complicado" para o Eurogrupo, comentou outra fonte europeia.