Economia

Zona do euro impõe taxas para depósitos bancários no Chipre

Após dez horas de negociações, zona do euro e FMI acertam plano de socorro do Chipre, avaliado em até 10 bilhões de dólares. Um dos termos contempla taxa para depósitos


	Com 1,1 milhão de habitantes, Chipre desenvolveu um sistema financeiro limitado e muito exposto à Grécia
 (Getty Images)

Com 1,1 milhão de habitantes, Chipre desenvolveu um sistema financeiro limitado e muito exposto à Grécia (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

A zona do euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) acertaram na madrugada deste sábado, após dez horas de negociações, um plano de socorro de até "10 bilhões de euros" para o Chipre, que contempla uma taxa "excepcional" para todos os depósitos bancários.

O "acordo foi obtido" e prevê um teto de "10 bilhões de euros", bem abaixo dos 17 bilhões de euros que havia solicitado o Chipre.

"O resgate abre um novo futuro econômico ao povo cipriota", afirmou o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem.

Mas, como era previsto, as negociações foram muito tensas.

"A posição dura do FMI e de outros sócios gerou um clima pesado", admitiu o ministro das Finanças cipriota, Michalis Sarris.

O Chipre se tornou o quinto país da Eurozona a ser resgatado, após Grécia, Irlanda, Portugal. A zona do euro também concedeu uma ajuda bilionária a Espanha destinada a seu setor financeiro.

O acordo prevê uma taxa de 9,9% para os depósitos bancários superiores a 100 mil euros e de 6,75% aos inferiores a este valor, tanto para os residentes como para os não residentes da ilha.

Todos os correntistas dos bancos cipriotas deverão assumir perdas. Desta maneira, a Eurozona espera arrecadar 5,8 bilhões de euros.

As autoridades já tomaram as medidas necessárias para que a parte correspondente à taxa permaneça "congelada" em todas as contas bancárias e não possa ser sacada, informou Joerg Asmussen, membro da diretoria do Banco Central Europeu (BCE) .

Este era justamente um dos pontos mais polêmicos em torno do socorro a um país onde boa parte dos bancos recebe depósitos de clientes russos, muitos suspeitos de ligação com a máfia russa.

O Chipre, com apenas 1,1 milhão de habitantes, desenvolveu um setor financeiro hipertrofiado e muito exposto à Grécia que, junto ao turismo, constituiu durante muitos anos seu principal motor de crescimento.

Com a explosão da crise grega, em 2010, e o resgate imposto dois anos mais tarde aos proprietários de bônus gregos, entre eles os bancos cipriotas, a ilha entrou em recessão.

Mas o anúncio do acordo e da taxa, excepcional e sem precedentes, provocou revolta na ilha mediterrânea.

O Parlamento pretende votar no domingo a criação da taxa inédita, antes do retorno das atividades bancárias na terça-feira. Segunda-feira é feriado no país.

"O Chipre escolheu a menos dolorosa das soluções", afirmou o ministro das Finanças.

O próprio Sarris, no entanto, havia afirmado há 10 dias que uma taxa sobre depósitos bancários seria "catastrófica" para o país.

Sarris também havia garantido que não aceitaria um aumento de impostos para as empresas, o que no fim também integra o acordo anunciado em Bruxelas.

O presidente cipriota Nicos Anastasiades retornou ao país ainda neste sábado e terá uma reunião de emergência no domingo com seu gabinete.

Anastasiadis anunciou que discursará à nação no domingo para defender o plano de resgate, que admitiu ser "doloroso", mas sem a qual o sistema bancário da ilha afundaria.

"Tínhamos que escolher entre o cenário catastrófico de um default não controlado e uma gestão dolorosa, mas controlada, da crise que acaba definitivamente com a incerteza", afirma Anastasiadis em um comunicado.

Também neste sábado, os ministros das Finanças da Eurozona decidiram conceder a Irlanda e Portugal, ambos sob resgate financeiro, mais tempo para a devolução do dinheiro.

O objetivo dos dois resgates era evitar a falência das finanças públicas dos dois países, para que no futuro sejam capazes de obter financiamento por conta própria nos mercados a taxas aceitáveis.

Em um comunicado, os ministros dos 17 países do bloco afirmam que estão "decididos a apoiar os esforços de Irlanda e Portugal para recuperar um acesso pleno ao mercado e sair com sucesso de seus programas, que estão cumprindo bem".

Os detalhes do calendário serão fixados em negociações posteriores entre os países e o trio de credores: União Europeia, FMI e Banco Central Europeu.

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