Economia

Yellen aposta em apoio de empresas dos EUA para imposto global

Na reunião de ministros das Finanças e bancos centrais do G20, os países deram sinal verde ao pacto preliminar que reformularia como e quanto os governos tributam multinacionais

Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA: ela reafirmou o compromisso de atingir zero emissões líquidas de carbono em toda a economia até 2050. (Leah Millis/Foto de arquivo/Reuters)

Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA: ela reafirmou o compromisso de atingir zero emissões líquidas de carbono em toda a economia até 2050. (Leah Millis/Foto de arquivo/Reuters)

B

Bloomberg

Publicado em 13 de julho de 2021 às 17h59.

Última atualização em 13 de julho de 2021 às 18h00.

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse que empresas americanas devem fornecer apoio crucial para pressionar o Congresso a aprovar a reformulação global da tributação corporativa, o que pode ajudar a vencer a oposição de republicanos que poderia atrasar ou interromper a ratificação do acordo endossado pelo Grupo dos 20 no fim de semana.

“Como o lado republicano vai olhar para as empresas e tentar proteger interesses comerciais, meu palpite é que as companhias vão dizer aos membros do Congresso, por favor, aprovem isso”, disse Yellen na terça-feira, 13, em entrevista em Bruxelas, no fim da viagem de uma semana à Europa.

Na reunião de ministros das Finanças e bancos centrais do G20 em Veneza, que contou com a presença de Yellen, os países deram sinal verde ao pacto preliminar que reformularia como e quanto os governos tributam multinacionais. O acordo também foi apoiado por 132 nações em negociações lideradas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. No entanto, enfrenta desafios em Washington, onde o governo conta com o Congresso para aprovar uma legislação que alinhe totalmente os EUA com o acordo.

Yellen havia deixado claro em Veneza sua expectativa de que a alíquota mínima, também conhecida como Pilar 2, fosse incluída em um projeto de lei de orçamento “fast track” que será enviado ao Congresso ainda este ano e que não exige apoio dos republicanos.

Mas enfatizou na entrevista que muitos líderes de multinacionais manifestaram apoio ao acordo, porque o pacto poderia dar mais certeza sobre impostos e regras.

Não está claro se o apoio de dois terços do Senado será necessário para a parte do plano de dividir os impostos sobre os lucros de grandes empresas, tornando-o muito mais difícil de ser aprovado. Essa parte é conhecida como Pilar 1.

Apoio bipartidário

Yellen continua com esperanças de que os republicanos apoiarão o plano se necessário.

“Daqui a um ano ou mais, se o Pilar 1 vier e precisar de alguma ação do Congresso, não começaria supondo que seria impossível conseguir isso em uma base bipartidária”, disse durante a entrevista.

O acordo estabeleceria uma alíquota mínima de imposto de pelo menos 15%, a fim de evitar que empresas se mudem para paraísos fiscais e estabeleceria um sistema para compartilhar algumas taxas sobre os lucros cobrados das maiores empresas internacionais com base em onde operam e não onde estão suas sedes.

Yellen destacou repetidamente que o acordo pode ajudar os países a obterem mais receita tributária de grandes empresas, e o governo Biden conta com a reforma global para ajudar a apoiar a agenda econômica dos EUA de US$ 4 trilhões ao longo de 10 anos.

Os líderes esperam finalizar o acordo em outubro na cúpula do G20 em Roma. Atravessar a linha de chegada exigirá superar alguns obstáculos significativos que Yellen procurou resolver em sua viagem.

‘Mudança histórica’

“Esta é uma mudança real na forma como o mundo vai cooperar para garantir que a renda do capital tenha sua parte justa no pagamento das necessidades comuns”, disse Yellen. “Honestamente sinto que esta é uma mudança histórica sobre a qual chegamos a um acordo.”

Um outro problema aguarda Yellen quando a secretária do Tesouro retornar a Washington na noite de terça-feira, enquanto o governo dos EUA mais uma vez se aproxima do chamado teto da dívida.

Se o Congresso não agir antes, a suspensão atual do limite da dívida deve expirar em 31 de julho. Não está claro por quanto tempo o Tesouro pode cobrir as despesas do governo, o que, em última instância, poderia levar os Estados Unidos ao default de pagamentos de dívidas prestes a vencer. O Congresso até agora não apresentou um plano claro para elevar o teto.

Yellen disse que pretende escrever ao Congresso diante do fim do prazo para informar os parlamentares sobre quanto tempo o Tesouro dos EUA poderia levar a situação, mas não quis falar antes disso.

O Departamento do Tesouro não quis confirmar os comentários de Yellen sobre outros tópicos.

Assine a EXAME e acesse as notícias mais importantes em tempo real.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)ImpostosJanet Yellen

Mais de Economia

ONS recomenda adoção do horário de verão para 'desestressar' sistema

Yellen considera decisão do Fed de reduzir juros 'sinal muito positivo'

Arrecadação de agosto é recorde para o mês, tem crescimento real de 11,95% e chega a R$ 201,6 bi

Senado aprova 'Acredita', com crédito para CadÚnico e Desenrola para MEIs