Economia

Wall Street mira lucros em plano de infraestrutura de Biden

O governo de Joe Biden pretende lançar a 'reciclagem de ativos', que consiste na venda ou concessão de infraestrutura, como estradas, aeroportos e serviços públicos para operadores privados

Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (Al Drago-Pool/Getty Images)

Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (Al Drago-Pool/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 26 de junho de 2021 às 08h00.

É apenas um jargão citado no plano de infraestrutura publicado pela Casa Branca na quinta-feira - “reciclagem de ativos” -, mas, para uma série de titãs que esperavam ver o termo, há motivo para otimismo.

A possibilidade de investir em grandes projetos do governo dos Estados Unidos - como na concessão de um aeroporto e obter receitas por décadas - é perseguida por Wall Street desde as conversas sobre um grande impulso à infraestrutura na esteira da crise financeira de 2008.

Ainda assim, o Congresso dos EUA não conseguiu chegar a um acordo para abrir caminho. Alguns temiam que os contribuintes assumissem o ônus dos acordos ou que os consumidores enfrentassem preços mais altos para viajar, se deslocar, estacionar e com eletricidade.

Desde então, gestores de ativos alternativos alinharam compromissos de investidores para grandes fundos de infraestrutura, alguns de dezenas de bilhões de dólares que ainda não foram totalmente desembolsados. Outras instituições, como pensões e fundos soberanos, manifestaram interesse em financiar projetos nos EUA.

Agora - embora poucos detalhes tenham sido divulgados na quinta-feira - parece que um acordo pode estar próximo.

“O grupo bipartidário que elaborou esse projeto de lei está muito focado na importância do investimento privado, incluindo o conceito de ‘reciclagem de ativos‘, que tem sido defendido por fundos de infraestrutura há vários anos”, disse DJ Gribbin, ex-assistente especial do presidente para política de infraestrutura de 2017 a 2018, que também é sócio operacional sênior da Stonepeak Infrastructure Partners.

O governo do presidente Joe Biden poderia lançar uma iniciativa de reciclagem de ativos com empresas de energia e geração controladas pelo governo federal, como a Tennessee Valley Authority e a Bonneville Power Administration, disse Gribbin. Ele acrescentou que usinas hidrelétricas no país que não foram bem administradas também poderiam fazer parte do programa.

Outras infraestruturas de controle federal que investidores estão de olho há muito tempo incluem o Aeroporto Nacional Ronald Reagan de Washington e o Aeroporto Internacional Washington Dulles.

A reciclagem de ativos - uma política que muitos dizem ter sido cunhada na Austrália - consiste na venda ou concessão de infraestrutura, como estradas, aeroportos e serviços públicos para operadores privados. Os recursos são então usados pelos governos para financiar construções sem incorrer em novas dívidas. A política pode ser empregada no âmbito federal, estadual ou municipal.

O potencial de capital de investidores privados sob o projeto de lei de infraestrutura de US$ 579 bilhões não foi anunciado. Mas a referência à reciclagem de ativos e parcerias público-privadas - que foram listadas entre mais de 12 possíveis fontes de financiamento - é um começo.

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