Trump na China: o Deutsche Bank descreve última ameaça como uma "escalada significativa" (Jonathan Ernst/Reuters)
João Pedro Caleiro
Publicado em 15 de julho de 2018 às 08h00.
Última atualização em 15 de julho de 2018 às 08h00.
Grandes bancos de Wall Street estão calculando até que ponto os últimos ataques de Donald Trump ao comércio internacional prejudicarão o crescimento econômico nos EUA e na China.
Este é um resumo das conclusões das instituições:
Se o presidente americano de fato aplicar tarifas de importação sobre US$ 250 bilhões em produtos chineses, a taxa de crescimento seria reduzida em 0,3 a 0,4 ponto percentual nos EUA e em 0,3 ponto percentual na China, de acordo com o Morgan Stanley.
Outro risco seria a complicação das cadeias de suprimentos atingir indiretamente a China, subtraindo também 0,3 ponto percentual do ritmo de expansão.
"A potencial imposição de tarifas adicionais sobre importações da China reforça nossa opinião de que a tensão comercial deve durar mais tempo", afirmou um relatório elaborado por economistas do Morgan Stanley liderados por Chetan Ahya.
"Ainda vemos negociações no final, mas chegar lá vai demorar mais, trazendo riscos maiores para a confiança dos empresários e para os investimentos das empresas."
O Deutsche Bank descreveu a última ameaça de Trump como uma "escalada significativa" que, se plenamente implementada, reduziria o PIB chinês em 0,3 por cento, mais provavelmente em 2019.
"O impacto deve começar a aparecer nas exportações da China no quarto trimestre, mas esperamos que a maior parte do impacto ocorra em 2019 por causa do processo de consulta", escreveram economistas do Deutsche liderados por Zhiwei Zhang. "Mantemos nossas projeções para o PIB de 6,6 por cento em 2018 e 6,3 por cento em 2019."
Para o J.P Morgan, a economia chinesa pode sofrer o impacto antes do esperado, mas isso ainda é administrável.
"Se a taxação adicional entrar em vigor, as tarifas sobre importações chinesas aumentariam, na média, 6,5 pontos percentuais, o que reduziria as exportações chinesas para os EUA em 8,6 por cento e o crescimento do PIB em 0,2 por cento pelo canal de comércio."
O banco também alerta para o impacto indireto via mercado de trabalho, consumo e confiança dos empresários.
"Apesar do aumento do conflito, acreditamos que os dois lados ainda estão dispostos a negociar", escreveram em relatório economistas liderados por Haibin Zhu.
Eles avisaram que será difícil conter o contágio se a disputa se agravar, criando risco de "perturbação muito maior na atividade global de produção e comércio, afetando os incentivos para investimentos e prejudicando o crescimento econômico global."