Economia

Vitória de Obama deixa investidores de olho no abismo fiscal

Obama deve exigir aumentos de impostos para os ricos, como parte de um acordo para reduzir os gastos para combater o déficit do país


	Barack Obama é reeleito presidente: o fim da campanha encerra questionamentos sobre regulação e política monetária
 (REUTERS/Jim Bourg)

Barack Obama é reeleito presidente: o fim da campanha encerra questionamentos sobre regulação e política monetária (REUTERS/Jim Bourg)

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Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2012 às 19h16.

Nova York - Os investidores norte-americanos vão chegar aos pregões na manhã desta quarta-feira com o mesmo presidente e os mesmos problemas em Washington. Em primeiro lugar, a crise orçamentária iminente que pode provocar problemas à economia dos EUA.

O presidente Barack Obama derrotou o republicano Mitt Romney para conquistar um segundo mandato na Casa Branca, mas ainda terá de lidar com uma Câmara dos Deputados controlada pelos republicanos que pode tornar difícil um acordo para adiar o "abismo fiscal".

"Não será uma mudança imediata para o impasse do governo e a questão do abismo fiscal, e isso será um vento contrário para as ações", disse Michael Yoshikami, diretor executivo e fundador da Destination Wealth Management em Walnut Creek, Califórnia.

O abismo fiscal é um pacote de 600 bilhões de dólares em aumentos de impostos e cortes de gastos automáticos, previsto para entrar em vigor no final de 2012, que pode afetar seriamente o crescimento econômico dos EUA.

Obama deve exigir aumentos de impostos para os ricos, como parte de um acordo para reduzir os gastos para combater o déficit do país. Muitos investidores acreditavam que se Romney fosse eleito presidente teria um tempo maior para as negociações.

"O verdadeiro desafio para (Obama) é superar as diferenças com o Congresso e trabalhar para ficar no meio", disse Jason Ader, um ex-analista de Wall Street e partidário de Romney.


Steven Englander, chefe de estratégia de câmbio do G10 do Citigroup, disse que os mercados poderiam entrar em pânico até o fim do ano se parecer que nenhum acordo será fechado para evitar o abismo fiscal.

Se isso acontecer, aumentaria a possibilidade de que as principais agências de classificação de crédito cortem o rating da dívida dos EUA.

A Standard & Poor retirou dos EUA a intocada classificação triplo A em 2011 e as agências disseram que vão avaliar negociações orçamentárias e podem tomar medidas no próximo ano.

Os investidores têm tido uma tendência de minimizar problemas em Washington e depois acabam surpreendidos quando os legisladores não conseguem acordo em questões críticas. O mercado reagiu duramente ao impasse em Washington depois do fracasso de uma legislação sobre o setor bancário em 2008 e novamente durante as conversas prolongadas para elevar o teto da dívida dos EUA em 2011.

Whitney Tilson, um gestor de fundos de hedge e um dos poucos gerentes na indústria de 2 trilhões de dólares a publicamente apoiar Obama para um segundo mandato, disse estar otimista que democratas e republicanos vão trabalhar juntos.


"Esta foi uma vitória para os moderados", disse ele. "Espero que ambas as partes reconheçam isso e sigam uma em direção à outra --para o centro-- para resolver os problemas prementes que o nosso país enfrenta".

O fim da campanha eleitoral encerra questionamentos sobre regulação e política monetária --Romney havia dito que iria substituir o chefe do Federal Reserve, Ben Bernanke-- mas alguns investidores permanecem em dúvida sobre impostos e a saúde econômica global.

O investidor bilionário George Soros disse na terça-feira que a reeleição de Obama vai abrir "a porta para políticas mais sensatas". Soros, um dos principais contribuintes para causas democratas, disse em uma troca de email com a Reuters que espera que "os republicanos no poder façam melhores parceiros nos próximos anos."

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