Economia

Vitória de aliados de Temer amplia apostas em reformas

Embora ainda haja muitos riscos no horizonte, o cenário ficou mais positivo nos pontos que importam para os investidores

Temer: embora as eleições mostrem um quadro favorável ao mercado, analistas não deixaram de apontar vários pontos de interrogação (Ueslei Marcelino/Reuters)

Temer: embora as eleições mostrem um quadro favorável ao mercado, analistas não deixaram de apontar vários pontos de interrogação (Ueslei Marcelino/Reuters)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 31 de outubro de 2016 às 18h03.

São Paulo - O segundo turno das eleições municipais reafirmou a tendência vista no primeiro, com a vitória esmagadora dos partidos aliados ao presidente Michel Temer e a derrota inquestionável do PT.

Embora ainda haja muitos riscos no horizonte, o cenário ficou mais positivo nos pontos que importam para os investidores: a aprovação das reformas e a eleição presidencial de 2018.

A eleição mostrou que os aliados do governo federal não foram punidos pelos eleitores nem pelas propostas de reformas fiscais duras, nem pela continuidade da crise econômica e das investigações da Lava Jato.

Temer não se envolveu diretamente na eleição, mas o fato de um candidato ter sido vinculado a ele não trouxe prejuízo eleitoral, diz Rafael Cortez, analista político da consultoria Tendências.

Para Cortez, Temer precisa agora aproveitar este fortalecimento político para acelerar as reformas.

Enviar ainda este ano a reforma da Previdência ao Congresso seria uma forma de criar uma ”agenda positiva” para os investidores, amenizando os receios com as ameaças representadas pela Lava Jato.

Sem a reforma da Previdência, o teto de gastos perde efetividade, lembra o analista da Tendências.

Para o investidor, o fato de o PSDB ter sido o grande vitorioso da eleição - com Geraldo Alckmin largando na frente de Aécio Neves como possível candidato presidencial - é positivo, dada a ligação da imagem do partido com reformas.

A eleição de 2018 é fundamental para quem investe em projetos de longo prazo, como os de infraestrutura, diz Alvaro Bandeira, economista da corretora ModalMais.

Embora as eleições mostrem um quadro favorável ao mercado, analistas não deixaram de apontar vários pontos de interrogação.

Um deles é o elevado número de votos em nulo, branco e abstenções, um evidente “sinal de desgosto” do eleitorado, diz o economista José Francisco Gonçalves, do banco Fator.

Além de Jair Bolsonaro, à direita, dois candidatos mais inclinados à esquerda que devem tentar seduzir o eleitor insatisfeito com as opções neste domingo são Marina Silva e Ciro Gomes.

O partido de Marina decepcionou nesta eleição, mas Cortez, da Tendências, lembra que ela pode ser beneficiada em um cenário em que a Lava Jato fira mortalmente muitos outros potenciais candidatos.

Ciro, outro possível beneficiário de uma Lava Jato mais agressiva, poderia herdar votos de Lula e teria uma vantagem sobre o petista.

Embora contando com um ponto de largada muito menor, o pedetista, com menor desgaste, teria maior espaço de crescimento.

Quanto a Lula, Rafael Cortez considera que, caso se candidate, ainda será bastante competitivo para passar ao segundo turno por provavelmente catalizar os votos de esquerda.

Muito dificilmente, contudo, venceria as eleições, dada a elevada rejeição ao seu nome e ao PT que foi observada nesta eleição.

Embora as eleições deste domingo tenham favorecido o grupo político do governo e agradado ao mercado, o cenário para 2018 não mudou.

Tudo continua subordinado aos desdobramento da Lava Jato e ao sucesso do governo na recuperação da economia, o que, por sua vez, depende das reformas, diz Cortez.

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