Economia

Vírus chinês pode agravar dificuldades econômicas em Hong Kong

Cidade já é vítima da guerra comercial sino-americana e das manifestações que afetaram os setores do turismo e do varejo

Hong Kong: em 2003, quase 300 pessoas morreram em Hong Kong devido ao vírus da SARS (Justin Chin/Bloomberg)

Hong Kong: em 2003, quase 300 pessoas morreram em Hong Kong devido ao vírus da SARS (Justin Chin/Bloomberg)

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AFP

Publicado em 22 de janeiro de 2020 às 07h40.

Última atualização em 27 de janeiro de 2020 às 14h19.

São Paulo — O surgimento na China de um novo coronavírus era a última coisa que a economia de Hong Kong, já em dificuldades, precisava, segundo analistas.

Atualmente, esse centro financeiro internacional está em alerta máximo após o aparecimento do vírus semelhante à SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), que apareceu pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan (centro).

Desde então, se espalhou para muitos países asiáticos e até para os Estados Unidos.

Em 2003, quase 300 pessoas morreram em Hong Kong devido ao vírus da SARS. Foi um duro golpe na economia local em razão da queda expressiva no número de turistas.

"Estamos em alerta máximo e nos preparando para o pior", disse na terça-feira Matthew Cheung, adjunto da chefe do Executivo Carrie Lam.

Vítima das consequências da guerra comercial sino-americana e das manifestações pró-democracia que afetaram particularmente os setores do turismo e do varejo, Hong Kong está em recessão.

Na segunda-feira, a agência de classificação de risco Moody's reduziu o rating de longo prazo dessa plataforma financeira conhecida por sua estabilidade.

O aparecimento de uma epidemia nesta megalópole densamente povoada só pioraria suas dificuldades econômicas.

"Esta é sem dúvida a última coisa que o povo de Hong Kong quer", disse Jackson Wong, diretor de gerenciamento de ativos da Amber Hill Capital Ltd.

"A situação atual sem dúvida lembrará aos investidores o que sofremos em 2003 durante a epidemia de SARS em Hong Kong", acrescentou.

A Bolsa de Hong Kong caiu na terça-feira - as ações de empresas ligadas ao setor do turismo aparecem à frente dessas perdas - depois que um cientista chinês afirmou que esse coronavírus era transmissível entre humanos.

O início desta nova crise ocorre alguns dias antes do feriado prolongado do Ano Novo Chinês, que começa na sexta-feira e que é uma oportunidade para centenas de milhões de pessoas viajarem na China e para o exterior.

Em Hong Kong, o número de turistas da China continental caiu acentuadamente desde o início dos protestos em junho, e esse novo vírus só pode piorar a situação.

"Hotéis, restaurantes e turismo foram os mais atingidos pela recessão e agora esse novo vírus está colocando sal na ferida", disse à AFP Dickie Wong, diretor geral de pesquisa da Kingston Securities.

As autoridades de saúde de Hong Kong estão tomando medidas para evitar a recorrência da crise da SARS.

Os controles para detectar febre foram reforçados no aeroporto e nos hospitais para todas as pessoas da província de Hubei.

Mais de cem pessoas desta região com sintomas semelhantes aos da gripe foram isoladas e tratadas. Até o momento, nenhuma foi testa positiva para esse coronavírus.

A epidemia de SARS teve um impacto profundo em Hong Kong. Desde então, seus habitantes sabem de cor as normas de higiene destinadas a evitar qualquer contaminação.

Muitas pessoas usam máscaras diariamente, não apenas durante o inverno.

Hong Kong enfrentou dificuldades no combate à SARS, tendo as autoridades chinesas demorado a soar o o alarme e tentado ocultar a extensão da epidemia.

Os especialistas estão encorajados pela transparência que Pequim tem demonstrando atualmente.

"A administração do tempo (...) teve uma clara melhora em relação à SARS", disse Gabriel Leung, reitor da faculdade de medicina da Universidade de Hong Kong.

"O que costumava levar meses na época da SARS agora é reduzido para algumas semanas ou dias", ressaltou.

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