Economia

Vila suíça decide distribuir dinheiro. Agora só falta o dinheiro

Uma vila na Suíça decidiu autorizar uma experiência sobre renda básica que prevê o pagamento de 2.500 francos (US$ 2.570) por mês

Moeda da Suíça (francos) (International Bank Note Society/Divulgação)

Moeda da Suíça (francos) (International Bank Note Society/Divulgação)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 16 de setembro de 2018 às 08h00.

Última atualização em 16 de setembro de 2018 às 08h01.

É difícil dizer “não” a algo grátis.

Uma vila na Suíça decidiu autorizar uma experiência sobre renda básica que prevê o pagamento de 2.500 francos (US$ 2.570) por mês. O próximo passo é levantar o dinheiro para financiar o plano por meio de crowdfunding.

Mais de 50 por cento dos habitantes de Rheinau, que fica perto da fronteira com a Alemanha, se inscreveram no projeto, segundo o website dos organizadores. Pelo menos metade dos 1.300 habitantes precisava dizer “sim”, e a contagem estava em 692 nesta segunda-feira. As cédulas de votação enviadas ainda precisam ser conferidas com dados do governo para garantir a elegibilidade.

A decisão foi tomada dois anos depois que uma proposta para um estipêndio estatal incondicional para todo o país foi reprovada em votação nacional.

Rheinau, que fica às margens do rio Reno e a uma hora de trem do centro bancário de Zurique, foi escolhida pela cineasta Rebecca Panian para o teste de renda básica. Ela diz que ficou fascinada com a ideia durante o debate nacional antes da votação de 2016 e decidiu escolher uma aldeia como cobaia e fazer um documentário.

Os ganhos e benefícios sociais pesariam contra o pagamento, que terá que ser levantado com fontes privadas, e não com o governo.

Considerando o custo de vida na Suíça, a soma de 2.500 francos não é tão elevada. O salário inicial de um caixa de supermercado na cidade da Basileia para 42 horas de trabalho por semana é de cerca de 3.500 francos por mês.

Embora exista há mais de um século, a ideia de distribuir dinheiro às pessoas -- sem contrapartidas -- ganhou certo impulso nos últimos anos devido a preocupações em grandes economias a respeito da crescente desigualdade e da perda de empregos causada pela automação.

A Finlândia lançou um projeto-piloto para avaliar os benefícios de uma renda básica universal, assunto que está também na agenda do governo populista da Itália.

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