Economia

Vice dos EUA alerta Brasil a não ficar para trás em comércio

O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, estimulou o Brasil nesta quarta-feira a abrir mais a sua economia para acompanhar a tendência mundial de liberação comercial

Biden pediu que o Brasil, que historicamente se abstém de criticar regimes autoritários, de Cuba ao Oriente Médio, se torne mais presente na defesa da democracia (REUTERS/Pilar Olivares)

Biden pediu que o Brasil, que historicamente se abstém de criticar regimes autoritários, de Cuba ao Oriente Médio, se torne mais presente na defesa da democracia (REUTERS/Pilar Olivares)

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Da Redação

Publicado em 29 de maio de 2013 às 18h02.

Rio de Janeiro - O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, estimulou o Brasil nesta quarta-feira a abrir mais a sua economia para acompanhar a tendência mundial de liberação comercial, em um discurso feito no início de uma visita com o objetivo de ampliar os negócios bilaterais entre os dois países, as maiores economias das Américas.

Boa parte do futuro relacionamento com os Estados Unidos dependerá de o Brasil - cuja economia ainda permanece relativamente protegida por elevadas tarifas e outras barreiras - poder facilitar o comércio, afirmou Biden num pronunciamento para autoridades locais e líderes empresariais no Pier Mauá, na zona portuária do Rio de Janeiro.

Citando os esforços dos EUA para aprofundar as relações comerciais e de investimentos com a Europa, a China e países em rápida expansão na América Latina e costa do Pacífico, Biden pressionou o Brasil para seguir esse caminho.

"Cabe ao Brasil decidir se quer ir por esse caminho e aproveitar oportunidades", afirmou.

A visita de três dias, parte de uma longa jornada de Biden pela América do Sul e Caribe, ocorre num momento em que o governo norte-americano acelera os preparativos para uma visita da presidente Dilma Rousseff aos EUA este ano.

A economia brasileira - sétima maior do mundo - está lentamente se recuperando de uma pausa de dois anos no crescimento, depois de uma década de expansão. O governo brasileiro busca maior influência na relação com os Estados Unidos e outras grandes economias.

Após divergências envolvendo comércio, política para o Oriente Médio e outros assuntos durante os governos de seus antecessores, Dilma e o presidente dos EUA, Barack Obama, forjaram nos últimos anos um estreitamento das relações diplomáticas, o que resulta também em uma relação comercial maior.

Dilma, no entanto, continua sendo crítica à política monetária norte-americana, que ela considera prejudicial à economia brasileira, por fortalecer o real e tornar os produtos nacionais mais caros no exterior.

Mas os dois países têm progredido em áreas comerciais como agricultura, energia, aviação e tecnologia espacial.


Biden elogiou o crescimento econômico e os programas sociais que ao longo da última década tiraram 40 milhões de brasileiros da pobreza. Esse sucesso, segundo ele, é um modelo para os países em desenvolvimento ainda lutando com a "falsa escolha" entre as políticas amigáveis aos negócios ​​e práticas sociais progressistas.

"Vocês demonstraram que não há necessidade de escolher entre uma economia baseada no mercado e políticas sociais inteligentes", disse Biden.

Biden pediu que o Brasil, que historicamente se abstém de criticar regimes autoritários, de Cuba ao Oriente Médio, se torne mais presente na defesa da democracia. Embora tenha elogiado a bem-sucedida ascensão do Brasil, ele disse que "isso é acompanhado por uma responsabilidade mundial de falar".

Proximidade

Nas últimas semanas, dirigentes de grandes empresas dos dois países vêm pressionando os respectivos governos para que se empenhem mais na definição de pequenos acordos que possam, ao longo do tempo, contribuir para um progresso geral nos negócios bilaterais.

"Todos estão procurando os tijolos para tornar os países mais próximos", disse uma autoridade dos EUA que pediu anonimato. "Isso é indicativo de como as pessoas estão tentando dar uma maior estrutura ao nosso comércio e investimento."

O fortalecimento das relações entre os dois países é salientado pela visita oficial de Estado que Dilma deve fazer aos EUA em outubro, algo inédito em duas décadas. Embora a presidente já tenha tido compromissos oficiais nos Estados Unidos, a visita de Estado irá durar mais e envolver uma maior aproximação diplomática.

Biden vai conhecer uma unidade de pesquisas da Petrobras. Na quinta-feira, ele visita uma favela carioca antes de embarcar para Brasília, onde na sexta-feira se reúne com Dilma e com seu vice, Michel Temer.


Entre as muitas questões bilaterais pendentes estão as discussões para abrandar exigências de vistos para viagens, discordâncias sobre barreiras comerciais e uma ofensiva de empresas dos EUA para a proteção dos direitos de propriedade intelectual no mercado brasileiro, onde há grande pirataria tecnológica.

Enquanto isso, Washington pressiona o Brasil a escolher a norte-americana Boeing para a compra de caças militares. O Brasil, por sua vez, anseia pelo apoio norte-americano na cobiçada vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Após uma visita de Obama ao Brasil em março de 2011, a Casa Branca disse reconhecer as ambições brasileiras na ONU, mas sem fazer uma declaração explícita de apoio.

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