Economia

Venezuela termina 2017 com inflação de 2.000%, diz parlamento

Anúncio, divulgado nesta quinta-feira por meios de comunicação locais, foi feito pelo deputado opositor Rafael Guzmán em um balanço econômico do ano

Venezuela é o país com a maior inflação do mundo (Ueslei Marcelino/Reuters)

Venezuela é o país com a maior inflação do mundo (Ueslei Marcelino/Reuters)

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EFE

Publicado em 21 de dezembro de 2017 às 12h13.

Caracas - A economia venezuelana terminará o ano com uma inflação acumulada de mais de 2.000%, segundo cálculos do parlamento, de maioria opositora, que vê neste número recorde um reflexo da "maior crise política, social e econômica da história da Venezuela contemporânea".

O anúncio, divulgado nesta quinta-feira por meios de comunicação locais, foi feito pelo deputado opositor Rafael Guzmán em um balanço econômico do ano no qual revelou também que o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 34% nos últimos quatro anos.

Afastado de suas funções pelo Tribunal Supremo e pela Assembleia Nacional Constituinte, o parlamento é o único poder do Estado controlado pela oposição e a única instituição que publica cifras de inflação e outros indicadores econômicos perante a ausência de dados do governo e do Banco Central desde 2015.

Segundo cálculos do parlamento, a Venezuela entrou em hiperinflação em novembro ao ultrapassar, com uma marca de 57%, o limite de 50% de inflação que define este fenômeno.

"Nenhum país da região, nenhum país do mundo tem esta deterioração do aparelho produtivo", disse Guzmán ao apresentar o balanço.

A Venezuela é o país com a maior inflação do mundo. O segundo país da América Latina com maior índice de inflação depois da Venezuela é a Argentina, com mais de 20%, muito longe dos quatro dígitos registrados pela nação petroleira.

"A cada dia há menos empresas, a cada dia há menos postos de trabalho, a cada dia há menos salários dignos", lamentou o deputado.

A impressão descontrolada de dinheiro por parte do Banco Central, bem como a destruição da indústria nacional e uma queda das importações que reduziram drasticamente o número de bens disponíveis no mercado, são realidades patentes na Venezuela e são consideradas as causas canônicas da inflação elevada.

Para estabilizar a economia e sair da crise, o parlamento pede a eliminação dos controles de câmbio - o Estado tem desde 2003 o monopólio da venda de moedas na Venezuela - e de preços e que se respeite a propriedade privada.

A Venezuela atravessa uma grave crise humanitária marcada pela escassez de alimentos, remédios e outros produtos básicos e o aumento quase diário dos preços ao calor do descalabro do bolívar em relação ao dólar no mercado paralelo.

A petroleira estatal PDVSA - que é a fonte de mais do 90% das moedas arrecadadas pelo Estado venezuelano - passa por graves dificuldades financeiras e sua produção caiu pela primeira vez em 28 anos abaixo dos 2 milhões de barris diários.

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