Venezuela: fiscais obrigaram os comerciantes a baixar os preços de alguns dos produtos vendidos por eles (Susana Gonzalez/Getty Images)
EFE
Publicado em 16 de janeiro de 2018 às 18h21.
Caracas - O vice-presidente da Venezuela, Tareck El Aissami, anunciou nesta terça-feira que o governo obrigará as empresas do país a reduzir os preços e voltar a adotar os valores cobrados pelos produtos em dezembro.
"No dia 3 de janeiro, os preços amanheceram inflados. Os preços que os senhores colocaram são criminosos, brutais e sem justificação", disse El Aissami em um encontro com representantes das principais indústrias do país.
A Venezuela entrou no fim do ano passado em um quadro de hiperinflação e fechou 2017 com uma inflação de mais de 2.600%, de acordo com dados da Assembleia Nacional, controlada pela oposição e declarada sem funções pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ).
El Aissami ressaltou que o governo não aceitará "especulações" e disse ter pedido à Superintendência Nacional para a Defesa dos Direitos Socioeconômicos (Sundde) para aplicar "todo o peso da lei" às empresas que não respeitem a nova política de preços.
Desde novembro do passado, a Sundde fiscalizou diversas lojas em todo o país. Os fiscais, acompanhados de agentes da Polícia e da Guarda Nacional, obrigaram os comerciantes a baixar os preços de alguns dos produtos vendidos por eles.
Essas quedas forçadas de preço provocaram longas filas e tumultos em lojas de todo o país. Supermercados e outros estabelecimentos ficavam vazios após os descontos, enquanto algumas associações de empresários alertavam o governo sobre a possibilidade de fechamento de algumas empresas por causa das perdas com os preços baixos.
O governo da Venezuela diz ser vítima de uma "guerra econômica" promovida pelos Estados Unidos, o sistema financeiro internacional, a oposição, além de comerciantes e empresários "especuladores". Eles seriam a causa da hiperinflação e da crise econômica no país.
Economistas independentes, por outro lado, atribuem a inflação elevada ao controle no câmbio, à destruição da indústria local e à emissão descontrolada de dinheiro por parte do Banco Central da Venezuela.