Economia

Venezuela faz ajuste fiscal e tem menor inflação em 12 anos

Líder do país já projeta índice de dois dígitos no fim de 2024, o que seria motivo de comemoração numa nação assolada pela hiperinflação, Índice nacional já se aproximou de 2 milhões por cento ao ano

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela (AFP)

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela (AFP)

Bloomberg
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Agência de notícias

Publicado em 19 de fevereiro de 2024 às 19h35.

Depois de um período de hiperinflação que se aproximou de cerca de 2.000.000% ao ano, a Venezuela registrou em janeiro o menor aumento dos preços ao consumidor em mais de uma década.

A inflação mensal ficou em 1,7%, a mais baixa para o mês desde 2012. Uma das razões foi o drástico corte nos gastos do governo e pela oferta adicional de dólares da Chevron, petroleira americana que voltou a atuar no país, valorizando a moeda local.

A façanha marca o décimo primeiro mês consecutivo de inflação de um dígito e o menor salto nos preços desde março de 2022.

O Presidente Nicolás Maduro tem se esforçado para conter os preços desde que domou a hiperinflação em 2022 aderindo a uma estratégia que combina restrições monetárias e fiscais rigorosas, ao mesmo tempo em que permite o livre fluxo do dólares, incentivando a oferta de moeda estrangeira.

A estratégia marcou uma reviravolta acentuada nas políticas econômicas mal-sucedidas que levaram o país a amargar uma profunda crise econômica por sete anos, com um dos mais longos surtos hiperinflacionários do mundo.

— Em 2024, a Venezuela terá uma inflação anual de dois dígitos — prometeu Maduro em discurso à nação no mês passado.

As vendas de dólares quase dobraram em dezembro em comparação com o ano anterior, disse Jesús Palacios, economista sênior da consultoria financeira Ecoanalitica, com sede em Caracas. Ao mesmo tempo, o governo tem restringido as despesas mais que o esperado, acrescentou.

O aumento nas vendas de dólares foi liderado pela Chevron, agora um dos principais fornecedores no mercado cambial local, depois de uma licença dos EUA ter viabilizado a ampliação de suas operações na Venezuela sem violar os embargos americanos, apontaram Ruth de Krivoy e Tamara Herrera num relatório da Sintesis Financiera. Isso levou o bolívar a se fortalecer 2,4% em janeiro.

As eleições presidenciais marcadas para este ano vão testar a disposição do governo de Maduro de manter a disciplina monetária e fiscal, disse Henkel García, diretor da empresa de consultoria venezuelana Albus Data. A administração de Maduro limitou o crédito e manteve o salário mínimo baixo para evitar a impressão desenfreada de dinheiro que alimentava a inflação.

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