Economia

Venezuela envia primeiras mercadorias ao Mercosul

Mujica disse que o governo uruguaio "aplaude" a chegada da primeira embarcação venezuelana, "o início da ligação" entre o Mercosul e o Caribe


	Hugo Chávez: a Venezuela foi incorporada no dia 31 de julho como membro pleno do Mercosul, se juntando a Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai
 (Spencer Platt/Getty Images)

Hugo Chávez: a Venezuela foi incorporada no dia 31 de julho como membro pleno do Mercosul, se juntando a Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai (Spencer Platt/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2014 às 09h19.

Montevidéu - A Venezuela enviou suas primeiras mercadorias ao Mercosul desde a sua formalização como membro efetivo do bloco, com a chegada do primeiro navio venezuelano ao porto de Montevidéu, afirmou nesta quinta-feira o presidente do Uruguai, José Mujica, que participou da cerimônia de boas vindas.

"Hoje se concretiza uma ideia que há sete anos conversamos com o presidente (Hugo) Chávez em Caracas, enquanto observávamos o preço de algumas frutas e verduras no mercado venezuelano", acrescentou.

Mujica disse que o governo uruguaio "aplaude" a chegada da primeira embarcação venezuelana, "o início da ligação" entre o Mercosul e o Caribe.

A embarcação José Leonardo Chirinos, pertencente à Corporação Venezuelana de Navegação (Venavega), transportou de Puerto Cabello a Montevidéu 14 mil toneladas de uréia destinada à produção de adubos para a agropecuária uruguaia e mais 55 mil litros de agrotóxicos.

Antes de chegar a Montevidéu, a embarcação deixou vasilhas de vidro e alumínio em portos brasileiros.

Daqui para frente os produtores, empresários e exportadores uruguaios "devem agir com inteligência e astúcia" para "evitar que o Brasil encha os compartimentos de carga" da embarcação na viagem de volta à Venezuela, acrescentou Mujica.

O presidente disse que a "necessidade por petróleo" do Uruguai - que importa a totalidade do que consome e tem a Venezuela como seu principal fornecedor - "combina muito bem" com a produção de alimentos do país que "seguramente" vão ser "muito bem vindos" no mercado venezuelano.


Mujica destacou que os produtores uruguaios "têm agora muitas oportunidades" para vender maçã, tomate, cebola e vinho no mercado venezuelano.

Os fazendeiros uruguaios aumentaram muito sua produtividade nos últimos anos, mas, por uma questão de escala, "era impossível" chegar a mercados tão distantes como o venezuelano.

Agora, com os navios colocados à disposição pelo governo venezuelano para a troca comercial com o Mercosul, "isso será possível, e devemos agradecê-los", ressaltou Mujica.

O governo do presidente Hugo Chávez disponibilizou três navios, o José Leonardo Chirino, o Manuel Gual e o José María España, para as trocas comercias com o Mercosul, e estima-se que devem transportar cerca de 400 mil toneladas de produtos diversos por mês.

A ministra de Transporte Aquático e Aéreo venezuelana, Elsa Gutiérrez, que também participou da cerimônia de boas vindas e visitou a embarcação junto com Mujica, disse que o objetivo do seu governo é "possibilitar" a exportação de produtos venezuelanos ao Mercosul e "priorizar os interesses comuns" dos povos que integram o bloco.

A Venezuela foi incorporada no dia 31 de julho como membro pleno do Mercosul, se juntando a Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai - momentaneamente suspenso até que sejam realizadas as eleições de abril de 2013 - e este é o seu primeiro envio comercial ao bloco desde então.

A ministra destacou o "voto de confiança" recebido por seu país "depois de seis anos de espera", em referência à entrada no Mercosul.

Durante seu discurso de boas vindas, Elsa citou a presidente Dilma Rousseff e lembrou as recentes declarações da governante que "convidou todos os setores empresariais a participarem ativamente deste momento", pois a entrada da Venezuela no bloco "abre novos espaços para o comércio, a integração produtiva e o investimento".

A ministra venezuelana destacou também o compromisso do governo em dar "corpo e vida" aos acordos com os países do Mercosul para "navegar na direção certa", rumo à integração "não só política e econômica, mas também social e cultural". 

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