Economia

Venezuela avalia se moedas digitais podem contar como reservas

Estatal quer enviar Bitcoin e Ethereum ao banco central enquanto reservas atingem US$ 7,9 bilhões, perto do menor nível em três décadas

Ouro e Maduro: reservas estão em queda vertiginosa (Marco Bello/Reuters)

Ouro e Maduro: reservas estão em queda vertiginosa (Marco Bello/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 29 de setembro de 2019 às 08h00.

Última atualização em 29 de setembro de 2019 às 08h00.

O banco central da Venezuela está realizando testes internos para determinar se pode manter criptomoedas em seus cofres, segundo quatro pessoas com conhecimento direto do assunto.

A medida atende a um pedido da estatal Petroleos de Venezuela, que quer enviar Bitcoin e Ethereum ao banco central para que a autoridade monetária pague os fornecedores com tokens, segundo as pessoas, que não quiseram ser identificadas discutindo assuntos internos.

Os funcionários também estudam propostas que permitiriam contar as criptomoedas como reservas internacionais, agora em US$ 7,9 bilhões, perto do menor nível em três décadas.

Sanções dos EUA contra o regime de Nicolás Maduro isolaram a Venezuela do sistema financeiro global, obrigando autoridades a usar uma variedade de métodos para movimentar dinheiro. Iniciativas anteriores de Maduro para lançar a primeira criptomoeda soberana do mundo não foram em frente, mas a possibilidade de usar moedas digitais mostra como o governo está desesperado para encontrar uma maneira de contornar as restrições.

Assessores de imprensa do banco central e da PDVSA não responderam a pedidos de comentários.

Queda das reservas internacionais da Venezuela

Não está claro como a PDVSA acumulou Bitcoin ou Ethereum, e não se sabe o valor. Mas a petroleira estatal tem enfrentado dificuldades para receber de clientes por canais convencionais, porque grandes bancos hesitam em negociar com uma entidade sob sanções.

No mês passado, a empresa recebeu a maior parte de um pagamento de US$ 700 milhões em yuanes, já que as partes não encontraram instituições financeiras que facilitassem a transação.

A PDVSA pode hesitar em vender suas criptomoedas no mercado aberto, porque isso exigiria que a empresa se registrasse em uma bolsa e se sujeitasse às diligências necessárias. Em vez disso, prefere que o banco central - que, segundo os responsáveis da petroleira, estaria menos exposto a possíveis bloqueios - use moedas digitais para pagar as entidades às quais a PDVSA deve dinheiro.

Para se proteger dos efeitos de novas sanções, o governo da Venezuela também considera a possibilidade de mudar para um sistema de mensagens de pagamentos internacionais operado pela Rússia como alternativa ao sistema SWIFT, usado pela maioria das instituições financeiras.

(Com a colaboração de Ben Bartenstein, Fabiola Zerpa e Olga Kharif)

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