Economia

Varejo do Brasil cresce em fevereiro, sem impacto do coronavírus

Dados ainda não refletem a possível desaceleração da economia causada pelo coronavírus, que se agravou apenas em março

Rua 25 de março, em São Paulo: expectativa em pesquisa da Reuters era de queda de 0,3% na comparação mensal (Cris Faga/Getty Images)

Rua 25 de março, em São Paulo: expectativa em pesquisa da Reuters era de queda de 0,3% na comparação mensal (Cris Faga/Getty Images)

R

Reuters

Publicado em 7 de abril de 2020 às 09h09.

Última atualização em 7 de abril de 2020 às 14h17.

O setor de varejo do Brasil surpreendeu e registrou alta das vendas em fevereiro, no melhor resultado para o mês em quatro anos, ainda sem registrar os efeitos do fechamento de lojas e comércios devido às medidas de combate ao vírus.

O volume de vendas no varejo teve em fevereiro alta de 1,2% em relação a janeiro, informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Foi o resultado mais forte para o mês desde 2016 e contrariou a expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 0,3%.

Em janeiro, as vendas caíram 1,4%, em dado revisado após o IBGE informar anteriormente queda de 1%.

Em relação ao mesmo período do ano anterior, as vendas tiveram alta de 4,7%, ante estimativa de ganho de 2,10%.

O analista da pesquisa, Cristiano Santos, avalia que o resultado de fevereiro das vendas varejistas ainda não apresenta influência das medidas de combate ao coronavírus, já que não havia um indicativo real de que a doença atingiria seriamente o país.

“Não acredito que tenha sido um fator de impacto aparente no aumento de receitas dos supermercados, por exemplo. O preço do dólar e a queda do petróleo contribuem, mas o fator coronavírus só deve começar a ser sentido a partir de março”, disse ele.

As consequências das medidas adotadas contra o coronavírus ainda são incertas, o que prejudica o consumo diante do temor de perdas de emprego, além do confinamento das pessoas em casa.

Em fevereiro, das oito atividades pesquisadas cinco tiveram ganhos. O destaque foi a alta de 1,5% de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,5%).

Também apresentaram ganhos móveis e eletrodomésticos (1,6%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,6%); tecidos, vestuário e calçados (1,6%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,5%).

Na outra ponta, as vendas de livros, jornais, revistas e papelaria caíram 3,8%, as de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação recuaram 1,1% e combustíveis e lubrificantes perderam 0,6%.

No varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, houve alta de 0,7% nas vendas sobre janeiro, segundo mês positivo.

Entretanto, as paralisações por causa do coronavírus já causam preocupações sobre perdas de emprego e redução de salários, o que deve conter o consumo com força além do fechamento de várias fábricas e comércios.

“Não tem como negar que haverá impacto e influência da pandemia, e o tamanho disso é que não sabemos. Os mercados e o setor farmacêutico estão abertos e funcionando no isolamento social. A quarentena começou em algumas localidades na segunda metade de março", lembrou Santos.

“O que sabemos é que essas duas atividades têm peso forte, e estão funcionando e vendendo.“

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraIBGEVarejo

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto